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Raízes em Movimento: o novo projeto que põe miúdos do Barreiro a explorar a natureza

Fábio Duarte, um dos responsáveis pela ideia, explicou todos os pormenores à NiB. O conceito baseia-se na Forest School.
Aprender a brincar.

Quando falamos em aprender, todos os cenários são válidos, desde a sala de aula aos momentos em casa, onde os pais transmitem tudo o que é necessário para o desenvolvimento dos miúdos. No entanto, há também formas de crescer e adquirir conhecimento que envolvem natureza, calças sujas, mãos na terra e olhares curiosos que exploram a floresta.

Foi precisamente a pensar nesses momentos que nasceu o Raízes em Movimento, um projeto educativo no Barreiro que convida os miúdos a descobrirem o mundo ao ar livre, de forma livre, segura e divertida. Aqui, não há testes, nem campainhas. Em vez disso, existem árvores, histórias, sons da natureza e muita vontade de brincar. Até porque crescer também é isso: criar raízes sólidas para, mais tarde, ganhar asas.

Fábio Duarte, de 37 anos, é um dos fundadores do projeto, promovido pela associação com o mesmo nome, sediada no Barreiro. Apesar de viver na cidade, nem sempre foi assim. “Não nasci no Barreiro. Os meus pais estavam emigrados na Suíça quando nasci, mas acabei por vir com seis anos”, conta à NiB.

Entre várias mudanças, percorreu o país de norte a sul. “Saí em 2016, fui para o Algarve e, depois, para o Porto. Passei também por Alcácer e depois voltei”. As deslocações estiveram ligadas ao seu percurso profissional e académico. “Fui para o Algarve em trabalho, na área das massagens, e fiz a formação em Osteopatia no Porto”.

Nos dias de hoje, ainda exerce como osteopata, mas o sentimento de estar “preso ao consultório” levou-o a procurar um caminho “mais livre”. E foi nessa altura que surgiu o Raízes em Movimento. “O projeto ainda está a começar, mas estou a fazer cada vez menos Osteopatia, para ter tempo”. O nome surgiu da ideia de aliar estabilidade e liberdade. “Tem tudo a ver com as raízes que nós temos e que queremos que os miúdos também tenham, sempre com liberdade e movimento para que eles cresçam”.

A vontade de criar este novo projeto surgiu há mais de um ano, embora o arranque oficial só tenha acontecido este ano. “As coisas atrasaram-se um pouco. O lançamento oficial aconteceu há apenas dois meses e o primeiro Playgroup realizou-se no Dia da Mãe”, explica.

O projeto é promovido pela Associação Raízes em Movimento, criada para esse fim. Além de Fábio, também Cláudia Ermitão integra a organização. “Está ligada a esta área há mais tempo — artes, interpretação, ioga, teatro, meditação”. Inspirados no modelo Forest School, que promove uma aprendizagem contínua ao ar livre, ambos têm formação neste modelo educativo — amplamente reconhecido noutros países — bem como os outros membros ligados ao projeto.

O conceito é simples. “É um projeto educativo que promove o desenvolvimento integral dos miúdos através da experiência contínua e livre”. As atividades são diversas e adaptadas aos interesses dos mais pequenos. “Tentamos trabalhar ao máximo com aquilo que a natureza nos dá. O principal objetivo é que aprendam a fazer, explorar, tocar e observar”.

Ainda que tentem dar a máxima liberdade aos miúdos, Fábio explica que também vão dar propostas de temas para os Playgroups — disponíveis cerca de duas semanas antes de cada evento — como o que vai acontecer este sábado, 7 de junho. 

Viagem pelos sons da natureza

“Este evento será à volta dos sons da natureza. Vamos iniciar com uma história para estimular a imaginação e tentar escutar tudo aquilo que se encontrará à nossa volta. Os miúdos vão ter a oportunidade de explorar alguns instrumentos que fizemos com materiais que vieram da natureza e, posteriormente, criarem os instrumentos. Mas fica sempre ao critério deles”, refere: “Estamos ali para apoiar. Se os miúdos quiserem fazer aquilo e precisarem da nossa ajuda, muito bem, mas têm total liberdade”.

Para já, os Playgroups acontecem na Mata da Machada, ao sábado de manhã entre as 10 horas e o meio-dia. A lotação máxima é de 20 miúdos, com um rácio de um adulto por cada sete participantes. 

Antes de participar, os pais recebem algumas recomendações práticas. “Tentamos que os miúdos venham vestidos com calças e calçado confortáveis. Porém, o mais importante é que levem vontade de brincar”.

A participação tem um custo de 15€ por miúdo e, caso os irmãos queiram fazer parte das aventuras do Raízes em Movimento, o valor desce para os 10€. Os adultos que acompanhem os mais pequenos têm entrada gratuita. No que diz respeito às idades, tudo depende da atividade proposta.

“A que se realiza este sábado tem uma idade recomendada dos três aos oito anos. No entanto, também podemos receber miúdos mais velhos ou mais novos, uma vez que adaptamos sempre as atividades”. Quanto às inscrições, Fábio esclarece que “estão sempre abertas e devem ser efetuadas através das redes sociais do projeto — mas há mais.

Férias de verão imersivas na floresta

“Além dos playgroups familiares, estamos a dinamizar o nosso Programa de Férias de Verão, também na Mata Nacional da Machada, dirigido a miúdos dos cinco aos 12 anos. É uma semana imersiva na floresta, com atividades inspiradas no modelo Forest School, centradas na natureza, no jogo livre e no desenvolvimento integral dos mais pequenos”. O programa decorre de julho a setembro, das 9 às 17 horas.

Os planos para o futuro incluem uma proposta ambiciosa. “Temos a vontade de criar parcerias com escolas (pré-escolar e primeiro ciclo), trazendo grupos de miúdos para sessões regulares ao ar livre, com propostas adaptadas ao currículo, e orientadas para o movimento, a exploração, a criatividade e a ligação ao mundo natural. Estamos a trabalhar nesse sentido e à procura de escolas com abertura para integrar esta abordagem educativa”, conclui.

Carregue na galeria e veja algumas imagens das atividades do Raízes em Movimento. 

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