Brincar, explorar, correr, cair, chorar e voltar ao início. Quando somos mais novos, este é um dos processos que nos ajuda a crescer e a ir descobrindo o mundo aos poucos. Hoje em dia, é muito comum encontrarmos os pequenos em casa, atrás dos ecrãs dos tablets e dos telemóveis e não na rua, em contacto com outros miúdos, mas também com a natureza.
A pensar nesta lacuna, Maria Martins e Ana Filipa Ribeiro, ambas com 33 anos, decidiram criar a “Floresta do Aprender”. Trata-se de um projeto dedicado aos miúdos entre os seis meses e os quatro anos, baseado na metodologia da Forest School (Escola da Floresta) e nas convicções das duas amigas, que acreditam que “o contacto com a natureza é uma das maiores escolas de vida que podemos oferecer aos nossos miúdos”.
“A ideia é contribuir para que os miúdos desenvolvam competências essenciais através de experiências práticas e lúdicas, deixá-los aprender os riscos e explorar, livremente, toda a natureza, desde a terra, aos sons e às plantas. Quando eles estão na creche, acabam por ficar um pouco mais confinados, não têm tanto contacto”, explica Maria, à NiB.
Depois de concluírem o curso de Educação, no Instituto Jean Piaget, em Almada, deram início às vidas profissionais, seguindo caminhos diferentes. Maria começou a trabalhar como babysitter, enquanto que Ana Filipa optou pela vertente da creche. Em conjunto, perceberam que a “Floresta do Aprender” era um conceito que fazia muita falta no Barreiro.
“Apesar de já existirem vários projetos deste tipo em Lisboa, ainda há poucas atividades de contacto com a natureza, nestas faixas etárias, não só no Barreiro, o concelho onde nascemos e vivemos, como noutras cidades”.
Embora o foco do projeto sejam os mais pequenos, Maria considera que a “Floresta do Aprender” promove “um bom momento entre pais (ou cuidadores) e filhos e ajuda a desmistificar o estigma de que as crianças não se podem sujar, nem andar na terra”. Ora, é precisamente isso que vai acontecer todos os sábados, entre as 10 horas e o meio-dia, na Mata da Machada, em Palhais, no Barreiro.
Depois do arranque oficial, no passado dia 4 de janeiro, Maria e Ana Filipa estão prontas para receber os miúdos nos playdates, que incluem todo o tipo de atividades sensoriais, cozinhas de lama, pistas de obstáculos, entre outras brincadeiras que “divertem imenso os mais novos e, ao mesmo tempo, ajudam no desenvolvimento da motricidade”. Além disso, Maria sublinha que todos os materiais utilizados nas atividades são naturais, desde farinha, massas, sementes, grão, corantes para dar alguma cor, bem como garrafas de água reutilizadas para a realização das atividades sensoriais.
Ainda que a dupla esteja sempre presente no espaço, o objetivo é que os miúdos explorem a natureza por si próprios. “No último playdate, uma das atividades, não programada, acabou por ser numa poça de água, que lá estava, e eles adoraram. Passaram imenso tempo dentro da poça”, recordam.
O limite de participantes em cada playdate é de dez miúdos, que podem ser acompanhados por dois cuidadores. As inscrições nas atividades abrem ao domingo e devem ser efetuadas através do email florestadoaprender@nullgmail.com. Custam 10€ por cada participante e o valor inclui o acesso a todas as dinâmicas.
No que diz respeito à roupa, Maria e Ana Filipa recomendam que os pais levem sempre uma muda. “Como é ao ar livre e, mesmo que esteja a chover, realizamos os playdates, aconselhamos a utilização de galochas, macacões impermeáveis e roupa quentinha também”.
Apesar de ter pouco tempo de existência, até agora, o feedback do projeto tem sido positivo. “Já temos lotação esgotada para este sábado. Acho que é um balanço positivo. As pessoas estão bastante satisfeitas e têm dito que, realmente, fazia falta um projeto destes, para estas idades, no Barreiro. Cada vez mais acho mais que foi a decisão mais acertada”, conclui.
Carregue na galeria e veja algumas imagens das atividades do projeto “Floresta do Aprender”.