na cidade

Little House Barreiro: um “pequeno” T0 pensado para dois

O alojamento local no centro é um projeto de Gabriela Humberg e do marido, que não descartam a ideia de se mudarem para a zona.

Existem histórias que, como se diz na gíria popular, “não levam a lado nenhum”. No caso de Gabriela Humberg, a portuguesa de 45 anos, a arqueologia levou-a à Irlanda, onde conheceu o atual marido, em 2006. A partir daí, o destino acabou por guiá-los primeiro à Sertã — o município em Castelo Branco de onde são naturais os pais de Gabriela — e, mais tarde, até ao Barreiro. Porém, o plano inicial era bastante diferente.

“Somos arqueólogos de formação e conhecemo-nos em contexto de trabalho. Ainda estivemos um tempo na Alemanha, que é o país do meu marido, mas quando engravidei, em 2009, viemos para Portugal. A ideia era ficarmos a viver numa ruína que comprámos na Serra da Estrela, mas não deu certo e acabámos por ir para a quinta dos meus pais, na Sertã”, conta à NiB. 

Na margem sul do Tejo, conhecia apenas a zona de Almada, onde a irmã vive, tendo estado apenas “de passagem” pelo Barreiro algumas vezes. No entanto, quando realmente conheceram a cidade, em 2023, Gabriela e o marido rapidamente se renderam.

“Apaixonámo-nos. Gostámos muito da dinâmica, da arte urbana e de todo o historial citadino e das fábricas. Além disso, também adoro a variedade de restaurantes e a frente ribeirinha, com uma vista muito bonita para Lisboa. O meu marido costuma dizer que o Barreiro é um diamante ainda por lapidar, uma zona com muito potencial”.

Na altura, procuravam uma oportunidade de negócio na qual pudessem investir e, do amor pela região, nasceu a Little House Barreiro, um alojamento local, junto ao Mercado Municipal 1.º de Maio. “É uma casa térrea pequenina, mas com uma localização muito boa. Está próxima de tudo e chegamos facilmente a todo o lado, a andar ou de autocarro. Sinceramente, uma das coisas de que mais gostamos no Barreiro é o facto de não precisarmos de utilizar o carro”. 

Apesar de terem adquirido a casa no final de 2023, o projeto só teve início em julho do ano passado. “Passámos seis meses a remodelar o espaço, não que estivesse em más condições, mas fizemos algumas alterações. Mudámos o mobiliário, pintámos paredes e arranjámos alguns pormenores. A parte burocrática é que acabou por demorar mais tempo do que o esperado”, conta.

Segundo Gabriela, quem entra no estúdio, encontra um espaço “pequeno, mas colorido e aconchegante”, equipado com ar-condicionado e uma cozinha completa (exceto forno). A casa de banho mantém elementos originais, como louças marroquinas e mosaicos coloridos, sendo que alguns pormenores da decoração refletem o espírito urbano do Barreiro.

“Quisemos transmitir um pouco a ideia do grafitti e da arte urbana, por isso temos dois quadros, um do artista Luís Kikko e outro do GrowRebel, que comprámos numa exposição na cidade”, destaca Gabriela.

Além da arte, a Little House Barreiro também visa “mostrar um pouco do que existe no Barreiro” a todos aqueles que por lá passam. “Temos um álbum de fotografias dos moinhos, uma almofada com pormenores de um trabalho do Vihls, e costumamos deixar revistas com a agenda cultural da cidade. Ao efetuarem a reserva, os clientes recebem, automaticamente, um guia com os restaurantes, locais a conhecer e transportes disponíveis. Assim como nós temos um grande amor pelo Barreiro, queremos que as outras pessoas também se apaixonem”.

O espaço tem capacidade para receber, confortavelmente, um casal e um miúdo até aos 12 anos. As reservas (no mínimo duas noites) devem ser efetuadas online. Os preços variam consoante a época do ano, começando nos 45€ por noite na época baixa.

Gabriela explica que o verão foi a época mais movimentada e que, apesar da falta de experiência no setor do turismo, têm recebido hóspedes de vários países como os Estados Unidos, Israel, Países Baixos, Brasil, Alemanha, Espanha e França. Além do alojamento, o casal, que acabou por abandonar a área da Arqueologia, dedica-se à produção agrícola biológica na quinta da família, na Sertã.

Gabriela confessa que, apesar de ter aberto o alojamento, o casal tinha outra ideia para a casa. “Na altura, pensámos que, assim, teríamos um espaço onde ficar quando quiséssemos ir a Lisboa ou ao Barreiro, dependendo apenas de uma gestão das reservas. No entanto, penso que podemos vir a viver na casa um dia e fazer o caminho inverso em relação à maioria das pessoas: do campo para a cidade. Quem sabe?!”. 

Carregue na galeria e veja algumas imagens da Little House Barreiro.

ver galeria

MAIS HISTÓRIAS DO BARREIRO

AGENDA