Descobrir a verdadeira vocação pode, por vezes, envolver um trajeto repleto de curvas e desvios que atrasam a chegada ao destino. No caso de Cláudia Vagarinho, uma barreirense de 27 anos, a sua jornada iniciou-se com uma licenciatura em Sociologia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, que terminou em 2019. Depois, breves experiências nas áreas de recrutamento e seleção e no jornalismo de investigação.
Apesar de acreditar que o jornalismo seria a sua carreira para o resto da vida, as circunstâncias não corresponderam às suas expectativas. Foi então que surgiu uma oportunidade para se tornar mentora pedagógica na vertente de apoio à família, um papel que a colocou em contacto direto com os mais novos.
“Fiquei encarregue de prestar apoio aos alunos, após as aulas, até a chegada dos responsáveis. Durante cerca de três meses, ajudei miúdos do pré-escolar e do primeiro ciclo com os trabalhos de casa e aproveitava para realizar outras atividades relacionadas com temas como direitos humanos, igualdade de género, bullying e cyberbullying, no âmbito do ‘Geração Koru’, um projeto social e educativo que criei há alguns anos e que se destina à comunidade barreirense”, explica.
Perto do final dessa experiência, que incluiu trabalho num campo de férias, Cláudia encontrou uma nova oportunidade. “Candidatei-me a uma posição de professora de História e Geografia de Portugal num colégio onde ainda trabalho e faço parte da organização, e acabei por ser aceite.” Assim, começou uma nova aventura no ensino que já dura há três anos.
Desde então, enriqueceu o seu currículo com funções como professora de Sociologia no ensino profissional e professora auxiliar do primeiro ciclo. Atualmente, leciona História e Geografia de Portugal no segundo ciclo e História no terceiro ciclo. Além disso, continua a investir na sua formação académica, estando a frequentar um mestrado em História na mesma universidade onde obteve a licenciatura.
Embora a área do ensino tenha conquistado um lugar especial no coração de Cláudia, a jovem também descobriu uma nova paixão: a pintura facial. “Sempre gostei muito de caracterização. Não sou propriamente fã de maquilhagem, mas sempre tive uma inclinação para desenhar feridas, influenciada pelas celebrações de Carnaval e Halloween”, conta.
Enquanto pintava os miúdos para o Dia das Bruxas de 2024, começou a refletir sobre a possibilidade de realizar um curso na área. Após uma pesquisa inicial sem resultados, encontrou no Facebook uma formação inicial e intermédia em pintura facial e decidiu arriscar, concluindo o curso em novembro.
Um mês depois, em dezembro, Cláudia lançou o Koru Face Painting, um projeto que “traz cor, alegria e diversão à comunidade” através da pintura facial artística. “Recordo-me de só ter visto estas iniciativas na minha infância. Claro que existem, mas costumam ocorrer em datas específicas, como o Dia da Criança ou o 25 de Abril. Nunca são espontâneas ou frequentes.”
Utilizando tintas à base de água, hipoalergénicas, sem odor e não tóxicas, certificadas pela União Europeia e pela Food and Drug Administration (FDA), a jovem tem “aproveitado todos os momentos para realizar pinturas”, especialmente na zona do Polis, no Barreiro, nas tardes de bom tempo. “Estas dinâmicas estimulam a partilha e a socialização entre pais e miúdos, assim como comigo. Muitas pessoas têm vindo ter comigo e comentam que são necessárias mais iniciativas como esta na cidade.”
Embora o seu trabalho esteja mais direcionado a um público que inclui miúdos, pré-adolescentes e alguns adolescentes, a Koru Face Painting está disponível para todo o tipo de eventos, desde festas de aniversário, casamentos, batizados, eventos corporativos a festivais, na região da Margem Sul e em Lisboa. Quanto aos preços, começam nos 25€ por hora ou entre 3€ e 6€ por pintura, dependendo do tipo de desenho escolhido.
“Desde que o cliente sinta que o serviço se adequa às suas expectativas, estou disponível para tudo. Já pintei alguns adultos em eventos do Moto Clube do Barreiro, do qual sou sócia há 15 anos”, refere, acrescentando que estará presente no 31.º aniversário do clube, que se realiza a 22 de março.
Os serviços da Koru Face Painting podem ser solicitados através do Instagram. No futuro, Cláudia pretende expandir o projeto, introduzindo pinturas néon e tatuagens de glitter. Apesar de ainda não se dedicar exclusivamente a esta arte, o seu objetivo é alcançar esse sonho. “Gostava muito de fazer da pintura a minha vida, mas enquanto isso não acontecer, vou tentar conciliar o projeto com o meu trabalho como professora”, conclui.
Carregue na galeria e veja algumas imagens dos trabalhos realizados por Cláudia.
