na cidade

De Velho, só as memórias. Conheça o plano para requalificar esta zona histórica do Barreiro

O vice-presidente da Câmara Municipal, Rui Braga, revelou tudo o que será feito para dar uma nova vida ao Barreiro Velho.
Vêm aí muitas mudanças.

A mudança está em marcha. Literalmente. Começaram há cerca de um mês as obras que prometem transformar radicalmente o Barreiro Velho. Trata-se da primeira fase de um plano ambicioso da Câmara Municipal que, com ou sem fundos europeus, vai avançar: 27 milhões de euros serão investidos em espaço público, infraestruturas subterrâneas e novas dinâmicas para uma zona historicamente esquecida.

“O que é que vem aí? É simples: um Barreiro novo”, começa por explicar Rui Braga, vice-presidente da Câmara Municipal do Barreiro (CMB), à NiB. “É o maior investimento de futuro e, quem sabe, de sempre, da autarquia. Estamos atentos a tudo o que envolve o espaço público, desde a iluminação, até aos passeios e a uma nova tipologia de zona pública e, acima de tudo, infraestruturas de subsolo”. 

Porém, a mudança não fica por aqui e o futuro trará uma novidade que mudará por completo esta zona. “Os carros não terão acesso ao centro do Barreiro Velho. Queremos privilegiar os barreirenses, para que possam aproveitar a zona de maneira diferente”. O projeto, que aguarda ainda a candidatura ao P2030, não depende do apoio europeu para arrancar. “A decisão de investimento foi feita antes do quadro de apoio europeu estar negociado. De qualquer forma, vai sempre avançar”.

A realidade é que já avançou mesmo e a intervenção, que começou na Avenida Miguel Bombarda, divide-se em várias fases. A primeira arrancou há cerca de um mês, com uma previsão de duração de 300 dias, que representam o início de uma obra que se espera estar concluída em três anos. Apesar desta previsão, Rui Braga é cauteloso.

“O Barreiro nasceu aqui, é daqui que vêm os Camarros [alcunha dada a quem vive no Barreiro], mas é também nesta zona que estão os primeiros tubos, debaixo do chão, que garantem o saneamento das águas. E esses tubos nunca foram mudados e não existem muitos registos de onde passam as telecomunicações ou as infraestruturas. Por todas estas razões, espero uma obra dura, especialmente no subsolo”. 

Em termos de espaços verdes, não está prevista a criação de “um pulmão”, mas os planos envolvem um número significativo de novas plantações, pensadas para combater fenómenos como as ondas de calor. “Quanto mais árvores plantarmos, maior capacidade teremos de controlar a temperatura no espaço e esse foi um cuidado que tivemos neste projeto. Não teremos um grande parque, mas sim corredores verdes”.

A requalificação é também encarada como uma oportunidade de reabilitação urbana e dinamização cultural. No entanto, “importa perceber que a requalificação do Barreiro Velho não começou com o lançamento da obra das infraestruturas”. A nova esquadra da PSP, em funcionamento há dois anos, é um dos exemplos da visão de futuro da autarquia para a zona, contribuindo para o aumento do sentimento de segurança. No que toca à cultura, o grande motor será o novo Teatro Cine.

“A Câmara adquiriu o espaço, com capacidade para 800 pessoas e os projetos de reabilitação já estão a ser lançados. Este Teatro irá, com certeza, criar uma nova dinâmica na zona, até porque o que a autarquia tem, neste momento, é um auditório com 300 lugares, que é manifestamente curto para a oferta de cultura à nossa população. Ainda assim, estou convencido de que estes 800 lugares a mais também vão ser curtos para toda a programação que chegará ao Barreiro Velho, principalmente aos fins de semana, e que trará um novo ‘respirar’ à zona”.

A par de tudo isto, a aposta passa por atrair investimento privado e trazer vida à zona histórica. “O nosso grande objetivo é contribuir desta forma, sem pensarmos em medidas mais musculadas, para aquilo que já está a acontecer no Barreiro Velho, que é a reabilitação urbana. A área está viva nesta particularidade e penso que, com este investimento autárquico, o edificado vai ter um ‘boost’ grande, para que possamos, finalmente, ver o potencial de viver no Barreiro Velho”. 

Questionado sobre o motivo desta intervenção, o autarca é claro: “O Barreiro tem de se revitalizar. Até 2017, a zona parou em todas as vertentes, seja dinamismo económico, reabilitação urbana, investimento privado. Não se trata de conversa de político, são os indicadores que o dizem. Como barreirenses, não podemos pensar numa cidade com maior qualidade de vida e, ao mesmo tempo, ter um nó na garganta ao olhar para o Barreiro Velho, que tem um potencial enorme. Não direcionar investimento para esta zona seria um grande erro. Não queremos continuar a viver da especulação e dos anúncios de uma nova ponte que ouvimos há anos”.

O novo Barreiro Velho também deverá acolher novos espaços de restauração. Apesar de não querer revelar muitos detalhes, o autarca destaca o restaurante em construção, junto à Piscina Municipal, e sublinha que “o comércio e serviços terão de se adaptar a esta nova oferta”.

O crescimento populacional da cidade e o aumento de fogos habitacionais — estão em construção cerca de 1400 e há mais 400 previstos com apoio municipal — obrigam também a uma resposta robusta por parte do setor privado.

“Não vamos ter restaurantes ou oferta cultural que agradem a todos, mas temos de garantir qualidade e satisfação. Não queremos ser uma cidade dormitório, mas sim, uma local onde se vive bem. Havendo pessoas, haverá dinamismo económico e dinheiro no bolso e, neste momento, o Barreiro é uma cidade que respira confiança e um exemplo disso é o investimento de 55 milhões de euros, que trará um hospital da CUF ao concelho”.

Quanto às pessoas que ainda vivem no Barreiro Velho, sobretudo em situações de ocupação ilegal, o processo será feito de forma gradual e em parceria com os proprietários, que terão de liderar as iniciativas legais. “Existe uma ideia errada de que é a Câmara que tem de tratar das ocupações ilegais, mas não é assim que funciona. Uma ocupação ilegal tem que ter no gatilho o proprietário, embora a autarquia colabore, obviamente, no processo”.

Sobre o futuro, a visão é clara. Daqui a dez anos, o Barreiro Velho deverá ser o lugar mais atrativo da cidade, com cultura, restauração e vista para o Tejo. “A resposta que me vem à cabeça é: será o melhor sítio para viver no Barreiro. Não falo em habitar, mas sim, que será o melhor sítio para vir ver uma peça de teatro, beber um copo, passear e aproveitar a vista. Se não for assim, perdemos todos. Este ‘Barreiro Velho Novo’ tem de ser um emblema, um sítio icónico na cidade. As pessoas têm de vir cá por isto, caso contrário, teremos falhado”, conclui.

Caso passe pelo Barreiro Velho, aproveite para experimentar os hambúrgueres da 567 Burger. Carregue na galeria e veja algumas imagens da hamburgueria.

MAIS HISTÓRIAS DO BARREIRO

AGENDA