na cidade

Afinal, qual é o lugar mais seguro para viajar de avião?

Acidente da Air India matou 241 pessoas. Só um passageiro sobreviveu. Terá sido o assento escolhido determinante?

Na sequência do devastador acidente da Air India, que na quinta-feira, 12 de junho, vitimou 241 pessoas, a sobrevivência solitária de um único passageiro voltou a acender o debate sobre segurança aérea e, em particular, sobre a importância da localização do assento num cenário de emergência. Viswashkumar Ramesh, o único a sair vivo da tragédia, ocupava o lugar 11A, um assento junto à janela, posicionado próximo da asa e de uma das saídas de emergência.

A revista “Time” recorda que há vários estudos que apontam, de forma consistente, para uma maior probabilidade de sobrevivência nos lugares situados na parte traseira da aeronave — sobretudo os centrais. Uma investigação publicada pela própria revista em 2015 revelou que os assentos com maior taxa de fatalidade se localizam nos corredores da secção central do avião. Já um relatório da National Transportation Safety Board, que analisou 20 desastres aéreos ocorridos desde 1971, concluiu que os passageiros sentados na traseira tendem a ter melhores hipóteses de escapar com vida.

Apesar disso, o caso do voo da Air India parece desafiar essa tendência estatística. De acordo com Steve Wright, engenheiro especializado em aeronáutica e professor universitário, o acidente em causa foi “atípico”. Em vez de mergulhar com o nariz voltado para o solo — como sucede na maioria das quedas —, o avião embateu com a parte frontal elevada. Uma circunstância invulgar que, de forma irónica, terá contribuído para a sobrevivência de quem seguia nos lugares dianteiros.

Outro detalhe relevante: o lugar de Ramesh estava mesmo atrás da zona de classe executiva, perto de uma saída de emergência e por cima da asa. Jim Braucle, advogado especialista em aviação, afirma que esta zona beneficia de reforço estrutural extra, pensado para garantir que as portas não se deformam durante uma colisão, o que pode ter feito a diferença.

Wright reforça que estar próximo de uma saída é sempre uma vantagem em situações de emergência. A maioria dos incidentes graves não envolve quedas, mas sim situações no solo, como incêndios, nas quais a saída rápida da aeronave é vital.

Mary Schiavo, advogada e ex-Inspetora-Geral do Departamento de Transportes dos EUA, diz que há muito tempo que só escolhe lugares nas filas das saídas de emergência. Leva sempre consigo um capuz anti-fumo na bagagem de mão e tenta viajar com roupa que cubra bem o corpo, com mangas compridas e calças.

Segundo Schiavo, a rapidez com que se consegue sair do avião pode ser mais determinante do que a localização do assento. Saber como abrir uma saída de emergência e familiarizar-se com o cartão de segurança são também práticas recomendadas.

Ainda assim, os especialistas sublinham que não há uma resposta certa. Cada emergência aérea acontece de forma diferente. O lugar mais seguro num cenário pode ser o mais vulnerável noutro.

MAIS HISTÓRIAS DO BARREIRO

AGENDA