Futebol, basquetebol ou natação. Quando falamos de modalidades desportivas, estas fazem parte do grupo das mais populares e, praticando ou não, grande parte das pessoas saberá descrever, mesmo que pouco, algumas das suas características. E se lhe perguntássemos sobre orientação?
Um mapa, uma bússola e um terreno para explorar são as imagens de marca deste desporto ao ar livre, que não só promove o contacto com a natureza, como estimula capacidades como a estratégia, o raciocínio e a resistência. António Aires, um professor de educação física e barreirense, de 54 anos, domina, com certeza, (quase) tudo o que há para saber sobre a modalidade e o seu currículo é prova disso.
“Trabalhei vários anos para a Federação Portuguesa de Orientação e, durante três anos, fui o Diretor Técnico e o Selecionador Nacional”, conta à NiB. “Mas, como acontece com a maioria das modalidades pequenas em Portugal, o financiamento é sempre muito escasso e acabou mesmo por chegar ao fim, naquela altura”.
A mudança nas condições fez com que António decidisse, também, mudar de vida, levando-o a concluir a formação de Engenheiro Informático, área à qual passou a dedicar-se. No entanto, o desporto nunca foi posto de parte. “Mantive-me ligado como praticante, organizador de atividades, voluntário e treinador, quer à orientação, como ao trail. Participo em corridas de ultra-endurance, aquelas corridas de 100 ou mais quilómetros. São duas paixões relativamente diferentes que têm um ponto em comum: a natureza”.
Dos 27 anos em que esteve ligado à orientação, nasceu a vontade de criar um projeto na terra natal. “Nasci no Barreiro, vivi a minha vida toda cá, mas por diversas razões, acabei sempre por estar ligado a projetos e agendas de vários clubes e associações de outras regiões como Oeiras, Cascais ou Arraiolos. Andei uma vida inteira a saltar de um lado para o outro, mas já há algum tempo que tinha esta vontade de ter algo perto de casa, não só para ter companhia para a prática destes desportos, mas também para organizar atividades para a população da minha terra”.
Assim surgiu a NatourTrail Barreiro, em parceria com a já existente associação Natour. “Há cerca de seis meses, o Nuno Ferreira, fundador da associação ADCAN e do projeto Natour, desafiou-me a fazer parte do projeto que promove várias iniciativas nas áreas da música e da educação, e está muito ligado, às AEC do Barreiro. O plano era criar um grupo de atividades desportivas na natureza, que englobasse o lazer e a parte da competição”.
A ideia inicial era criar um projeto focado no Trail — disciplina do atletismo que decorre em trilhos ao ar livre, geralmente em terrenos montanhosos, e que inclui subidas e descidas significativas — “que tem, neste momento, uma presença muito forte em Portugal” e por aí se explica o nome escolhido. Porém, António confessa que conseguiu convencer o colega a incluir atividades de Orientação, que permitem que “haja percursos para crianças, para quem queira passear e, por outro lado, para os atletas, mesmo os melhores a nível nacional”.
O primeiro passo aconteceu em setembro do ano passado, quando António e Nuno filiaram o projeto na Federação Portuguesa de Atletismo e na Associação de Trail Running de Portugal, seguida da filiação, em dezembro, na Federação Portuguesa de Orientação (FPO). O arranque oficial da NatourTrail Barreiro foi em janeiro deste ano, com a organização de duas iniciativas: o “Barreiro no Mapa”, que acontece uma vez por mês e o “Barreiro nos Trilhos”, que se realiza todas as semanas.
O “Barreiro no Mapa” é um circuito de dez atividades de orientação em diversos locais do concelho, que acontecerão entre janeiro e dezembro. O objetivo, como o nome indica, é levar os barreirenses a “Conhecer o Barreiro de Mapa na Mão”, numa vertente de lazer ou de competição, englobando também toda a comunidade escolar, incluindo as suas famílias, numa atividade saudável e ativa.
“Na primeira edição, que aconteceu no dia 18 do mês passado, tivemos mais de 80 participantes, e a segunda, que está marcada para o próximo domingo, já tem mais do que 130 inscritos. Dois terços das pessoas vem pelo lazer, para experimentar e o resto são atletas”, explica António.
Com o apoio do Centro de Educação Ambiental da Mata da Machada, da Câmara Municipal do Barreiro e das escolas do concelho, a NatourTrail criará, também, os mapas imprescindíveis para as atividades, uma vez que “a sua existência é atualmente muito reduzida no concelho do Barreiro”.
As inscrições no Circuito devem ser efetuadas online, onde poderá, também, encontrar as próximas datas e informações sobre os eventos. O custo de participação é de 3€ por adulto e 2€ para jovens até aos 20 anos. Os miúdos até aos 12 anos que participarem nas atividades ganharão uma pequena bússola como lembrança.
Já o “Barreiro nos Trilhos”, que teve início no dia 7 de janeiro, é um projeto que tem como objetivo reunir os barreirenses para praticar corrida na natureza (Trail), em encontros realizados às terças-feiras, às 19h30, na Mata da Machada.
“Até agora, esta iniciativa teve menos adesão devido ao frio e ao facto de ser no período da noite, mas estou convencido de que o projeto vá crescer bastante quando chegar a primavera”. A participação no “Barreiro nos Trilhos” é gratuita e não está sujeita a inscrição. As concentrações acontecem às 19h20, no estacionamento da Mata da Machada (frente à entrada da Escola de Fuzileiros).
No futuro, António e a Natour ambicionam expandir o projeto e integrar novas iniciativas, como um campo de férias de orientação para jovens dos oito aos 16 anos. O objetivo da Natour Trail Barreiro é claro: “Criar oportunidades para que mais pessoas pratiquem caminhada e corrida na natureza, com ou sem orientação, de forma regular e acessível”.
Carregue na galeria veja imagens das atividades até agora realizadas pela NatourTrail Barreiro.
