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Festa da Natureza traz alimentação saudável e terapias alternativas ao Parque da Cidade

A NiB conversou com Cláudia Moita, uma das responsáveis pela iniciativa e criadora do projeto "Maria das Ervas".
Foto: Vítor Oliveira.

Numa altura em que a saúde e o bem-estar são, cada vez mais, uma preocupação de grande parte das pessoas, nada melhor do que um evento dedicado ao tema, completamente gratuito e perto de casa. Falamos da Festa da Natureza, um evento que chega ao Barreiro pelo segundo ano consecutivo e conta com a organização de Cláudia Moita, formadora ligada à cozinha vegetariana e macrobiótica e de Natália Rodrigues, mestre em cozinha macrobiótica e criadora do projeto Temperosdalma.

A iniciativa acontecerá no domingo, 13 de julho, entre as 10 e as 19 horas, no Parque da Cidade do Barreiro, e convida toda a comunidade a celebrar o equilíbrio entre o corpo, a mente e o ambiente. Ao longo do dia, os interessados contarão com dezenas de atividades a decorrer em simultâneo, sempre com o foco na saúde, sustentabilidade e ligação à natureza. O programa começa logo às 9h45 com uma caminhada orientada por António Xisto, que parte da entrada do parque. Segue-se uma sessão de grounding, pelas 11 horas, dinamizada por Natália Santos, e uma aula de Chi Kung com Rosalina Mestre, ao meio-dia.

Durante a tarde, as conversas e palestras assumirão um papel de destaque com temas tão diversos como a agricultura biológica, a naturopatia, o Feng Shui, a espiritualidade, os cristais, os probióticos e as emoções. Entre os oradores estão nomes como Courela dos Pegos e Maria das Ervas, Rita Rebotim, Alexandre Gama, Luís Martins Simões, Cristina Namaste, Jady Firmino, Romi, Natália Rodrigues, Lina Silva e Lina Raquel. A última atividade do dia será um concerto meditativo com Bruno Afonso, agendado para as 19 horas.

O evento contará, também, com um espaço dedicado às crianças, no qual acontecerão duas sessões de hora do conto, às 11h30 e às 17 horas, dinamizadas por Joana, Cristina e Ana (do projeto Fios de Jade), e uma oficina de manualidades organizada pela Associação Sementes Celestes.

Além disso, quem participar nesta Festa da Natureza, terá a oportunidade de visitar um mercado alternativo com propostas vegetarianas, produtos biológicos e artesanato e experimentar terapias naturais, como reiki, reflexologia, acupunctura ou leitura do pé.

Para os mais curiosos, serão promovidos dois workshops gratuitos com Rita Sousa: um de antotipia (impressão com pigmentos vegetais) e outro de tataki-zomé (técnica de estampagem botânica). A animação continuará com a performance “Tango de Seda”, protagonizada por Matilde Ferreira, e uma aula de Tai Chi para a Saúde com Anabela Silva.

Organizada com o apoio da Câmara Municipal do Barreiro, esta é uma oportunidade para descobrir novas práticas de bem-estar, conversar com produtores locais, participar em oficinas criativas e passar o dia num dos espaços verdes mais bonitos da cidade, num programa perfeito para quem procura um domingo diferente — com os pés na relva e o coração mais leve.

O projeto Maria das Ervas

Cláudia Moita tem 39 anos e foi uma das primeira bebés a nascer no hospital novo do Barreiro — ou, pelo menos, foi essa a história que a mãe lhe contou. Apesar de ter vivido grande parte da vida na Baixa da Banheira, tem uma forte ligação à cidade, onde chegou a viver durante uma década, na Quinta da Lomba. “Vim para a Baixa da Banheira quando me separei. Gostava de voltar a viver no Barreiro ou então no campo, uma das duas opções seria ótima”, conta à NiB.

Na altura de escolher o caminho a seguir na Universidade, candidatou-se para o curso de animadora. No entanto, acabou por estudar Produção e Promoção do Património na Escola Superior de Educação de Setúbal e depois especializou-se em Produção de Espectáculos na Restart, em Lisboa. “Apaixonei-me realmente pela produção ligada à arte e tudo o que tem a ver com organizar exposições, a parte dos bastidores e dos artistas”.

A sua carreira começou na Câmara Municipal da Moita, durante a Quinzena da Juventude, mas foi na Orquestra Metropolitana de Lisboa que se estabeleceu durante cerca de dez anos. “Era a responsável pela produção de todos os setores da Orquestra Metropolitana. Ia com eles para todo o lado, organizava os espetáculos, tratava de toda a parte logística, de reservar hotéis, fazer o planeamento, fazia o esboço da orquestra em palco, tudo o que estava relacionado com a produção e era a secretária da Orquestra”.

Apesar da estabilidade, o salário baixo e a separação impulsionaram Cláudia a procurar alternativas. Foi assim que nasceu a “Maria das Ervas”, em 2017, primeiro como complemento e depois como projeto de vida. “Tive a necessidade de encontrar outra fonte de rendimentos. Sempre fui muito ligada à natureza, fazia escalada, caminhadas, montanhismo, acampava. Fui criada com os meus avós, o que me fez ter uma grande ligação ao campo e aos ‘alimentos de verdade’. Desde muito nova, habituei-me a ver a minha avó a transformar os alimentos em compotas, purés, bolos, conservas”.

O nome, que Cláudia assume ser “uma grande estratégia de marketing”, vem da “paixão pelas ervas” e do facto de o segundo nome de Cláudia ser “Maria”. “Não tem uma explicação poética”, brinca. 

Decidida a dar outro rumo à sua vida, começou a fazer bolachas, compotas e salames de alfarroba, primeiro para si própria, depois para os amigos e, mais tarde, para vender. A seguir, vieram os workshops. “Como sempre gostei muito de comunicar, organizar sessões em que pudesse partilhar o meu conhecimento com as pessoas foi fácil para mim. Cheguei a realizar eventos em vários locais no Barreiro”, explica.

Inicialmente, vendia compotas e licores, mas rapidamente decidiu mudar o método. “Apesar de começar a vender produtos como compotas que levavam açúcar e até licores, com álcool, cheguei a um ponto em que essa opção me fazia confusão. Os alimentos que eu queria transformar tinham de ser mais saudáveis e, por isso, fui à procura de receitas mais saudáveis, amigas do ambiente e sem produtos de origem animal”.

O conceito da “Maria das Ervas” é baseado na alimentação macrobiótica. “Uma pessoa da minha família já seguia esse regime alimentar e eu ia acompanhando o que ela fazia. Achei que este tipo de alimentação era, realmente, a que mais se alinhava com tudo aquilo em que sempre acreditei, pois privilegia alimentos integrais, sazonais, com vitalidade e sustentáveis”. Para aprofundar o seu conhecimento na área, inscreveu-se num curso de culinária macrobiótica e, por “obra do destino”, ocupou a vaga de alguém que havia desistido e nunca mais parou.

Cláudia Moita sempre gostou de cozinhar.

Hoje, a “Maria das Ervas” é mais do que uma marca — é uma missão pessoal. “O principal objetivo é transmitir uma mensagem muito importante. Costumo dizer quase todos os dias que se morresse hoje, morreria feliz. Mas ainda não posso morrer porque tenho uma missão grande em mãos. Deixei a parte das vendas e, apesar de fazer pastéis para a quinta de produtos biológicos, Courela dos Pegos Bio, o meu foco é a literacia alimentar. Pretendo ensinar as pessoas a cozinhar alimentos saudáveis, pratos equilibrados e nutritivos, acessíveis a todo o tipo de carteiras”.

Focada na sua missão, Cláudia tem assinado menos vezes como “Maria das Ervas” e está envolvida em vários projetos. Cozinha, todas as manhãs, numa escola de floresta, onde os miúdos entre os três e os seis anos só comem comida macrobiótica, dá formação de comida vegetariana e macrobiótica no Instituto Macrobiótico e no IEFP e organiza workshops, showcookings e aulas privadas, que podem ser agendadas através do seu perfil no Instagram, no qual partilha diversas receitas.

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