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Dos 2 aos 52. Neste estúdio do Barreiro a dança não escolhe idades

A NiB falou com Ana Filipa Tibúrcio sobre a história da EDAP, inaugurada em 2019. O Dia Mundial da Dança será celebrado em grande.
Tem ballet e dança contemporânea.

Muitos são os casos em que os sonhos dos pais acabam por se tornar na realidade dos filhos. Para Ana Filipa Tibúrcio, barreirense de 45 anos, o futuro começou a ser traçado com apenas três anos, altura em que experimentou o ballet clássico pela primeira vez. Anos mais tarde, acabou por ser aceite na Faculdade de Belas Artes e na Escola Superior de Dança, ambas em Lisboa, tendo de fazer uma escolha. A verdade é que podemos dizer que se perdeu uma possível pintora, mas ganhou-se uma professora de dança. 

“Fiz a licenciatura, que ainda existia na altura e, no segundo ano, tive de optar entre as áreas da educação e do espetáculo. Acabei por escolher a primeira. O meu sonho sempre foi ensinar e não dançar profissionalmente. Gosto mais do trabalho de estúdio do que propriamente estar em palco”, conta à NiB.

Com uma formação que conta ainda com uma pós-graduação de treino em dança e o mestrado em educação em dança, Ana Filipa começou por trabalhar num ginásio na Baixa da Banheira e, posteriormente, nos Franceses, no Barreiro, onde ficou cerca de seis anos e foi conhecendo grande parte daquelas que, mais tarde, viriam a ser suas alunas. O plano sempre foi abrir uma escola e, em 2019, nasceu a EDAP – Estúdio de Dança e Artes Performativas.

“Já tinha muitos alunos e sempre quis dar esse passo, no entanto, achei que era muito prematuro, que ainda era muito nova para abrir um espaço. Sempre pensei que haveria de lá chegar, mas com segurança. Além disso, sabia que as alunas que me seguiam iriam comigo, já que também era um sonho delas e acabei por avançar. A escola tornou-se um sítio seguro para estar. Depois vieram novos alunos, claro, mas não foi um risco muito grande”.

Desde o início, o objetivo não foi criar um espaço comercial, mas sim “um local de formação técnica”. “Não procuro ter muitas vertentes da dança. Prefiro menos, mas com mais qualidade. Não tenho a ambição de fazer um espaço que tenha salsa, kizomba, danças de salão. A ideia é que seja um centro de experimentação, onde os alunos aperfeiçoem a técnica e desenvolvam as próprias competências artísticas”, refere. 

Assim, na vertente da dança, o Estúdio oferece uma espécie de “formação integral” em técnica de dança clássica (ballet) que inclui trabalho de pontas, treino em dança e dança contemporânea. No que toca às idades, Ana é muito clara. “O meu aluno mais novo tem dois anos e a mais velha tem 52. Não interfiro nesse aspeto, apesar de achar aconselhável que comece nos miúdos que estejam quase a completar os três anos. Mas limites não há. Não há limites de idade para dançar”.

Além das aulas de dança, a escola, que tem cerca de 200 metros quadrados, oferece também formação em canto e piano, aos sábados, algo que surgiu logo no início do projeto. “A mãe de uma aluna de há muitos anos era cantora lírica e diretora de um conservatório em Mafra e sugeriu-me essa ideia. Achei muito chique, porque sou uma amante de música clássica e de canto lírico. Disse logo que sim”, revela. 

Apesar de o Estúdio estar situado na Baía do Tejo, uma zona do Barreiro “onde não passam muitas pessoas”, a adesão ao projeto tem sido “muito boa, com muitos alunos novos. Apesar de fazer muita publicidade, sei que a maior parte é mesmo boca a boca”.

Em relação aos preços, Ana Filipa optou por manter valores acessíveis, para que ninguém fique de fora. “Sei que podia, e até devia pedir mais, tendo em conta a minha experiência e os preços que se praticam. Mas, por outro lado, não quero ouvir dizer que há alunos que não frequentam porque não têm possibilidades financeiras”. Por esse mesmo motivo, as mensalidades são flexíveis.

“Se uma menina fizer apenas ballet, duas vezes por semana, paga 32€, mas se quiser juntar o treino em dança mais uma vez e a dança contemporânea, pagará 38€”. As inscrições têm um custo de 8€ (mais 10€ que contemplam um seguro) para novos alunos, aos quais são somados os valores das mensalidades, e devem ser efetuadas por contacto direto, sendo que os interessados recebem toda a informação por email.

Ao longo do ano, Ana Filipa realiza várias atividades para os alunos. “No início do ano, em dezembro, temos uma aula aberta aos pais. Nas férias da Páscoa, costumamos ir ao Conservatório Nacional da Dança, fazer os cursos livres. Após a Páscoa, vamos ver um espetáculo em Lisboa, para criar esses hábitos nos miúdos. E, por fim, começamos a preparar o nosso espetáculo final, que se realiza sempre em julho, no Auditório Municipal Augusto Cabrita”. 

A juntar a tudo isto, a escola serve como palco para outros projetos da cidade e costuma, também, organizar um espetáculo gratuito de celebração do Dia Mundial Dança (10 de maio), que este ano se realizará no dia 29 de abril e trará uma novidade.

“Normalmente, fazemos fora, mas não temos tido uma boa experiência, porque aqui no Barreiro não há muitos espaços. O ano passado fizemos na biblioteca, mas não tinha uma boa visibilidade para os pais. Este ano optei por realizá-lo no estúdio, mas fazer uma proteção maior. Comprar umas cortinas, umas luzes novas, decorar o espaço. Enfim, fazer uma coisa diferente, mas no nosso estúdio”.

Para este ano está, também, agendado um Laboratório Coreográfico, no mês de maio, no qual a professora ensina as alunas a preparar uma coreografia, entre outras coisas. Para concluir, Ana deixa o convite para o recital de música e piano, a realizar-se no Estúdio, no próximo dia 18 de março.

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FICHA TÉCNICA

  • MORADA
    (Edifício Mondego) Rua 42-A, Nº 3 e 3-A, Baía do Tejo
  • HORÁRIO
  • Variável.

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