Mais do que mexer o corpo, dançar é uma das mais puras formas de expressão. Através do movimento criam-se histórias, transmitem-se emoções e formam-se laços interpessoais que podem durar uma vida inteira, independentemente da idade ou da cultura.
Seja no palco ou na rua, de forma clássica ou contemporânea, a criatividade e identidade de quem dança são exploradas além dos limites, numa atividade que, mais do que uma arte, é uma linguagem universal. Se os sons e melodias são capazes de causar impacto nos bailarinos que os interpretam, para o público que assiste, o momento pode ser igualmente memorável. Se é fã desta modalidade, temos boas notícias.
O Barreiro Festival de Dança volta ao Auditório Municipal Augusto Cabrita (AMAC) no dia 3 de maio, sábado, às 16 horas. A quinta edição do evento multidisciplinar que dá palco a bailarinos, escolas e grupos e tem como missão promover a dança no concelho, contará, não só, com as habituais apresentações e as parcerias com a Vo’arte — In Shadow, como terá, pela primeira vez, uma exposição de fotografias das edições anteriores, da autoria de profissionais do Clube de Fotógrafos”.
Quem o conta é Ana Nascimento, de 46 anos, a organizadora do festival, que dedicou a vida à dança. “A minha primeira formação foi no Barreiro, através de uma escola inglesa, a Imperial Society Teachers of Dancing. Depois fiz algumas formações externas, nomeadamente o Progressive Ballet Technique, que foi desenvolvido por uma bailarina australiana com uma equipa médica. Mais recentemente, iniciei a licenciatura em dança na Escola Superior de Dança, de Lisboa”.
Natural da capital, mudou-se para o Barreiro aos 15 anos, com a mãe. “A minha mãe não tinha grandes condições para pagar uma casa em Lisboa e então veio para a outra margem”. Na altura, Ana já dançava. “Comecei aos cinco anos, pelo ballet clássico, que foi uma paixão imediata. Assim que vi uma aula, soube que era aquilo que queria”.
Em 2018, nasceu, oficialmente, o Barreiro Festival, mas a ideia já existia há alguns anos. “Era um projeto de gaveta que mantive guardado desde 2014, mas a altura nunca era a certa e foi ficando em stand-by, até lapidar algumas das partes. Quando comecei a trabalhar com a Câmara Municipal do Barreiro, ganhei mais confiança para o apresentar”.
O conceito sempre foi claro: “O principal foco era trazer a dança ao Barreiro. Não tínhamos muitas atividades ligadas à área no concelho e queria enraizar algo, manter essa presença. No entanto, nunca quis limitar o festival a um só género. Estamos abertos a todos os estilos de dança”.
Desde a primeira edição, que o festival tem vindo a crescer, passando da Casa da Cultura para o AMAC, e há até quem venha de fora para participar. “Felizmente, já conseguimos trazer grupos de Lisboa e outras localidades. Tem corrido lindamente. O ano passado, por exemplo, aumentámos o tempo do festival porque havia muitas inscrições”.
No que toca à seleção dos participantes, o processo engloba alguns requisitos. “As escolas e bailarinos recebem um documento com as condições. A principal é mostrarem a formação que têm e, preferencialmente, vídeos para análise. Com base nisso, fazemos a seleção”.
Além da exposição de fotografia, Ana revela mais uma novidade para este ano: a masterclass com Tiago Coelho, “dirigida a bailarinos com mais experiência”, maiores de 15 anos. Licenciado pela Escola Superior de Dança, em Lisboa, Tiago “prosseguiu a sua formação em Israel, Alemanha e Estados Unidos da América. Participa em espetáculos de coreógrafos e companhias de dança nacionais e internacionais, nomeadamente Vortice Dance Company, Quorum Ballet, Teresa Ranieri, René Vinther Pedersen, Marco da Silva Ferreira, Fabio Simões, Patrícia Henriques, Victor Hugo Pontes, Pedro Ramos, Sofia Dias e Pedro Roriz, Sylvia Rijmer.
Recentemente, trabalhou com o coreógrafo Damien Jalet, na sua criação “Chiroptera” realizada na Ópera Galais (Paris). Foi professor convidado da Escola Superior de Dança entre 2021 e 2023, onde lecionou a Técnica de Dança Contemporânea.
Os bilhetes para o festival, que tem a duração de 90 minutos e é classificado para maiores de seis anos, têm um custo de 5€ e podem ser adquiridos no AMAC, no Posto de Turismo do Barreiro e no Welcome Centre do Mercado Municipal 1.º de Maio. Já a masterclass, com a mesma duração, tem um custo de 10€ e está sujeita a inscrição, a partir do dia 3 de abril, através do email barreirofestivaldedanca@nullgmail.com.
O desejo de Ana para o evento é simples. “Espero que seja um sucesso, como tem sido até aqui, e, já agora, também nas outras vertentes, ou seja, na masterclass, na exposição e na videodança, que está incluída nas performances que vão fazer. No fundo, quero que todos, o público que vai ver e quem vai participar, se divirtam. É isso que quero trazer na dança e é isso que o festival quer passar”.
Carregue na galeria e veja algumas imagens das edições anteriores do Barreiro Festival de Dança.