Sob a vegetação da Mata da Machada, a terra guarda os vestígios de um dos segredos industriais mais bem preservados da expansão marítima portuguesa. No próximo dia 11 de outubro, o CICAMM – Centro de Interpretação do Campo Arqueológico da Mata da Machada, convida a uma viagem ao século XV, desvendando o complexo oleiro que produziu a cerâmica que abasteceu as naus e as feitorias.
O ponto de encontro está marcado para as 10 horas na Casa do Centro de Educação Ambiental, onde começa uma imersão de 120 minutos de história industrial da região. Os participantes vão ser guiados por uma exposição que revela como este sítio arqueológico foi crucial para o empreendimento marítimo português, produzindo ânforas, potes e louças que viajaram para outros continentes a bordo das caravelas.
O momento mais marcante da visita reserva uma experiência rara: o contacto direto com um autêntico forno cerâmico dos séculos XV-XVI. A estrutura, que sobreviveu intacta ao tempo, testemunha o conhecimento técnico dos oleiros da Machada, cujo trabalho alimentou tanto a vida quotidiana local, como a epopeia marítima. Cada camada de terra, cada fragmento cerâmico conta uma história de fogo, barro e ambição.
Classificado como monumento de interesse público, é um raro testemunho da engenharia do século XV. O forno apresenta uma arquitetura singular, com a sua fornalha e câmara de enfornamento parcialmente soterradas. No interior, a câmara de cozedura, de planta quadrangular, ainda conserva as paredes de adobe cru – blocos de barro que cozeram com o uso, mantendo-se intactas nas zonas externas. A grelha, composta por tijolos alinhados, funcionava como reguladora de calor e suporte das peças durante a queima, revelando uma técnica construtiva sofisticada para a época.
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A iniciativa, organizada pela Câmara Municipal do Barreiro, é gratuita, mas limitada a 20 participantes, requerendo inscrição prévia através do Posto de Turismo (212 068 287) ou e-mail postodeturismo@nullcm-barreiro.pt.
Uma oportunidade para pisar o mesmo chão onde, há cinco séculos, se queimava o barro que ajudou a escrever a história da Europa e dos restantes continentes, numa experiência que une arqueologia, história e identidade local.

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