Com apenas 13 anos, Martin Fernandes já sabe o que é subir a um palco e enfrentar uma plateia e várias câmaras da televisão. A experiência no programa da RTP1, The Voice Kids, não terminou como desejava, mas o “não” dos jurados não foi suficiente para travar o sonho do jovem barreirense, que quer ser cantor (mas não só).
Com referências que vão de Michael Jackson a Freddie Mercury, Céline Dion, The Gif ou Amália Rodrigues, Martin revela: “O meu passatempo favorito é cantar. Comecei aos seis anos”. Mais tarde, percebeu que tinha jeito talento. “Sempre cantei para passar o tempo mas, com dez anos, enquanto estava a cantar algumas músicas, percebi que conseguia projetar bem a voz”.
A descoberta levou-o a ponderar um futuro na música. No entanto, já pensou num plano B. “Pensei que podia seguir este caminho, mas também quero ter um curso superior, para o caso de não correr bem”. A escolha da área surgiu de algumas experiências pessoais. “Quero formar-me em Direito, algo de que gosto muito. Quando era mais novo, fui vítima de bullying na escola e acho muito importante defender a igualdade”.
Além de cantar, Martim gosta de dançar e cozinhar. “A minha especialidade é uma receita que inventei com salsichas grelhadas, massa e natas”. Tachos à parte, a paixão pelo canto levou-o a inscrever-se no The Voice Kids. “Já tinha tentado em 2020, mas não encontrei o link para me inscrever. Depois, vi um anúncio para o casting no Facebook, falei com os meus pais e decidimos que ia tentar a sorte”.
A verdade é que a tentativa resultou e Martin foi contactado pela produção do programa. Sobre esse momento, recorda: “O facto de saber que contavam comigo para o casting foi um sinal de que conseguia e só teria de caprichar. A minha mãe ajudou-me muito a conseguir chegar à fase das provas cegas”.

A escolha da música com a qual tentou fazer virar as quatro cadeiras dos jurados foi curiosa. “Cantei ‘Sonhos de Menino’, do Tony Carreira. Sinto que as músicas dele transmitem a mensagem que quero passar, mas não consigo pôr em palavras”. De microfone na mão e uma claque repleta de familiares e amigos, Martin subiu ao palco, mas infelizmente não conseguiu virar nenhuma das cadeiras.
“Foi uma sensação de tristeza mas, ao mesmo tempo, de força para o próximo ano. Vou voltar com tudo”. Quando questionado sobre o que correu menos bem, Martin destaca o nervosismo. “Estive tranquilo durante os ensaios e as gravações, mas quando foi para gravar a prova cega fiquei um pouco nervoso”, confessou. “Não é todos os dias que estou à frente daquela multidão e de pessoas que entendem de música. Acabou por me ajudar a perceber que nem tudo na vida são flores”.
Apesar do desfecho, ver-se a atuar foi uma surpresa positiva. “Pensava que tinha sido pior, mas ao ver o vídeo da audição percebi que até correu bem”. A aprendizagem foi muito importante. “O lado positivo foi fazer novas amizades, aprender e perceber que, se não conseguimos hoje, vamos conseguir noutra altura. Pode demorar, mas vamos conseguir”.
A experiência reforçou a sua determinação. “Para o ano vou mais preparado porque vou inscrever-me numa academia de jazz no Barreiro. Vou ter aulas de canto, o que pode ajudar a melhorar tanto a voz, como a confiança”. Quando questionado sobre o futuro na música, o jovem tem alguns objetivos a alcançar. “Gostava de atuar na MEO Arena, no Coliseu dos Recreios ou em qualquer palco que pudesse abrir as portas para a música. Internacionalmente, ficaria muito feliz por dar concertos em França, nos Estados Unidos ou na Coreia e, quem sabe, fazer uma tour mundial”, revela.
Vida familiar: uma história de afetos
Paula Rosado tem acompanhado todo o percurso de Martin, que nem sempre foi fácil. “Sou apenas mãe do coração, mas tenho muito orgulho em ouvi-lo chamar-me ‘mãe’”. A ligação entre os dois começou com explicações escolares, quando Martin tinha seis anos. “Entretanto, eu e o pai dele acabámos por nos aproximar e vivemos juntos há quatro anos”.
A relação entre os dois é próxima e “cheia de mimos” — mas também de regras. “Ele é muito meigo. Claro que, por vezes, também fica de castigo e tenho insistir para estudar e arrumar o quarto, como qualquer outro miúdo”. Paula vê em Martim um enorme potencial: “Acho que vai chegar longe. É um menino virado para as artes, seja música, dança, desenho. Tem uma grande vocação para tudo o que seja arte, mas, principalmente, para o espetáculo”.
A participação no programa foi exigente, mas enriquecedora. “Ouvi-o ensaiar em casa e foi nos ensaios para os castings que começou a projetar a voz. Nessa altura, senti que era o meu Martin”. Na atuação final, reconhece que os nervos o atraiçoaram. “Ele foi completamente traído pelos nervos mas, ainda assim, está muito otimista. Enquanto estava no programa, também foi vendo miúdos que não seguiram em frente no ano passado, mas que este ano conseguiram. Isso dá-lhe vontade de continuar”, conclui.