A ADAO — Associação Desenvolvimento Artes e Ofícios, considerada um “ponto de referência” no Barreiro, foi fundada com o objetivo de oferecer um espaço onde os artistas se pudessem reunir e divulgar o seu trabalho. “Não havia um local destes e, quando os artistas trabalham em casa, isolam-se um bocadinho. E é precisamente das sinergias e das ligações uns com os outros que, muitas vezes, surgem novas ideias e novos projetos. Então, era super interessante ter um espaço em que pudéssemos convergir, viver, partilhar”, afirma a direção da ADAO.
O início das atividades das associação foi, na altura, assinalado com um Open Day, que se “dividiu em várias expressões artísticas”, como uma mostra de todos os artistas que ajudaram a reabilitar o espaço, exposições do antes e depois e concertos. No ano que celebram o 10.º aniversário, a ADAO vai reabrir ao público para um Open Day (ainda sem data marcada), mas não só.
No espaço “independente e gerido por artistas”, a arte ganha várias formas e vai desde o cinema à música, passando pela educação teatral, a filosofia e a fotografia. Este ano, as paredes da ADAO voltarão a encher-se de imagens captadas pelas lentes de várias máquinas fotográficas, para a quarta edição do Festival de Fotografia Analógica, com entrada gratuita, marcado para maio. Segundo os responsáveis, esta iniciativa da ADAO e dos respetivos colaboradores, tem o objetivo de “divulgar e dignificar a fotografia e os seus autores, permitindo o contacto do público com esta forma de arte”.
Quem quiser fazer parte do festival, vai encontrar um Mercado Analógico, onde será possível adquirir equipamentos, consumíveis, fotolivros, fotografias de autor e explorar processos alternativos; exposições; apresentações e conversas sobre o tema e exibições de filmes e documentários. O programa incluirá, também, passeios fotográficos, formações e workshops, atividades para os mais pequenos, um concerto e uma viagem pela memória, através da “Open-Call”, onde serão apresentada fotografias tiradas nos anos de 1974 e 1975.
A ADAO
Quando falamos de arte e artesanato no Barreiro, é impossível não pensarmos na ADAO. Aberta, oficialmente, em 2015, a associação sem fins lucrativos localiza-se num espaço que, durante 96 anos, funcionou como sede da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários dos Caminhos de Ferro do Sul e Sueste.
“Tivemos de limpar o edifício antes porque estava muito degradado. Foi um longo processo de reabilitação”, contam Carla Pacheco de 46 anos e Inês Nobre, de 36, ambas membros da direção. Com mais de 40 salas e cerca de 60 artistas como fotógrafos, videógrafos, designers, arquitetos, artistas visuais, escultores e músicos a circular pelos ateliers do edifício, a associação nunca está parada e a “versatilidade” do edifício é uma mais valia. “Já tivemos aqui filmagens de novelas, concertos, videoclipes, todo o tipo de espetáculos”.
Além de todas as atividades da ADAO, na maioria dos fins de semana há música ao vivo, bem como workshops abertos ao público. “Temos um, que foi organizado através da Câmara Municipal do Barreiro, de formação em artes para pessoas que vivem em contextos mais desfavorecidos. Começou no ano passado, mas ainda está disponível”.
Longe de ser um museu ou uma galeria, a ADAO é um projeto que permite que novos artistas comecem o seu caminho e alcancem, em alguns dos casos, carreiras com “alguma notoriedade”. “Tudo o que é emergente, experimental, inusitado pode ter um movimento aqui”, conta Carla, que está na associação desde o início. “Comecei mesmo como artista, ou seja, primeiro tive um atelier aqui. Só mais tarde é que comecei a fazer parte da direção”.
A associação está aberta todos os dias, mas funciona, grande parte do tempo, para os “residentes e pessoas que têm aqui o atelier de trabalho”, explica Carla. Recentemente, os responsáveis pelo espaço abriram um café, apenas para sócios.