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Fátima Lopes: “Não tenho outras referências, o Barreiro é o meu berço”

A New in Barreiro falou com a apresentadora no dia em que regressou a casa para apresentar uma das suas obras literárias.
A apresentadora tem 55 anos.

Foi com um enorme sorriso que Fátima Lopes entrou no Auditório Manuel Cabanas, na Biblioteca Municipal do Barreiro, na passada quinta-feira, 13 de fevereiro. Chegava para apresentar o seu mais recente livro, “Amor No Andar de Cima” e, mesmo antes de dar início à sessão, cumprimentou, conversou e até tirou fotografias com os fãs que a esperavam, sempre com a boa disposição e o à vontade de quem está em casa. E estava mesmo.

“Os meus pais vieram para cá antes de eu nascer, portanto, já nasci aqui, não conheço outra terra. Estive três anos em Moçambique, dos oito aos 11, mas tirando esse período da minha vida, vivi sempre aqui. Não tenho outras referências, o Barreiro é o meu berço”, conta Fátima, à New in Barreiro.

Nos dias de hoje, poucos são aqueles que não a conhecem da televisão ou até mesmo pelos livros que tem publicado, como este que a trouxe de volta à terra onde nasceu e à qual “faz todo o sentido regressar”. “No fundo, sou muito grata aos barreirenses e quero dar-lhes um bocado de mim e deixá-los orgulhosos”. 

Antes de chegar, diariamente, à casa dos telespectadores, Fátima dedicou grande parte da sua vida a outra área: o desporto. Na altura, era atleta do atual Fabril. “Passei muito, mas mesmo muito tempo na Quimigal [como era antigamente designado o Fabril]. Treinava atletismo seis dias por semana, portanto, passei lá muitas horas da minha vida e ainda tinha as provas. Muita da minha vivência no Barreiro passa pelo desporto, que, na verdade, só deixei de forma ligada à competição, quando entrei na faculdade, porque não tinha tempo”, conta.

No que diz respeito à formação, o caminho até chegar ao ensino superior passou pelo Viveiro Infantil, uma escola primária particular no centro do Barreiro e, após regressar de Moçambique, pela Escola Básica do 2.º e 3.º Ciclo de Álvaro Velho e pela Escola Secundária de Casquilhos, junto à sua casa da altura. 

“Vivia na zona da Paiva, onde passei a maior parte do tempo, a brincar na praceta. Não havia nada de especial, mas também só precisávamos mesmo de vontade de brincar”. Ao recordar os tempos de infância e os sítios por onde brincava no Barreiro, Fátima destaca, ainda, o Convento da Madre Deus da Verderena, que ficou sempre “na memória” pelos baloiços e outras atrações para os miúdos.

Quando questionada acerca da cidade da sua infância, recorda um ambiente de companheirismo e solidariedade. “Era um Barreiro muito unido, de pessoas muito próximas, de muita camaradagem. Uma terra que acolhia muito bem e nos fazia sentir em casa. Foi essa a terra onde cresci, até aos 20 anos. Entretanto já passou muito tempo, mas espero que continue a ter muito disso hoje em dia, porque é uma coisa super valiosa”.

A viver em Lisboa, Fátima confessa que demorou alguns anos a encontrar “a sensação de casa” na capital e que, apesar de já ter passado mais tempo fora da terra natal, “no coração, mora o Barreiro”, uma cidade que, para a apresentadora, já não é vista com os mesmos olhos. “Já não sinto o estigma, já lá vai o tempo. Graças a Deus, as pessoas olham para o Barreiro como olham para qualquer outra cidade”.

Ainda que tenha deixado o Barreiro há mais de 30 anos, Fátima regressa frequentemente à cidade para diversos compromissos. “Venho muitas vezes apresentar livros, dar palestras em escolas, participar em painéis de jurados, como na Startup Barreiro. Procuro estar presente, tanto quanto me é possível”.

Entre os espaços que frequenta na cidade, destaca o Clube de Vela e o restaurante Voraz, no Mercado Municipal 1.º de Maio. “Normalmente, vou onde as pessoas me levam. A primeira vez que fui ao Voraz foi porque uma prima, que vive cá, me levou a experimentar. Simplesmente, amei. Agora, se for eu a escolher um sítio para jantar ou almoçar, é lá onde vou”. 

Se tivesse de sugerir alguns espaços para programas como um piquenique ou até mesmo para fazer atividades como jogging, a Mata da Machada e o Parque da Cidade seriam as escolhas de Fátima. Já no panorama cultural, o bairro operário, com o “incrível mural” “Rostos”, de Vhils ou a praia de Alburrica, com os passadiços em torno dos moinhos de vento e de maré do Barreiro, fazem parte da lista de destaques da apresentadora.

Com uma carreira assinalável, Fátima Lopes nunca esqueceu as origens e, em 2024, foi premiada com o galardão “Barreiro Reconhecido”. Para a apresentadora, o Barreiro teve muito para oferecer. “Deu-me um espírito guerreiro, resiliente e a capacidade de lutar e ter consciência de que nada cai do céu aos trambolhões e que é preciso trabalhar muito para se alcançar vitórias”, conclui.

Carregue na galeria e veja algumas imagens de Fátima Lopes na cidade.

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