“Era uma vez um rapaz que queria ser jogador de basquetebol”. Este podia ser o início de várias histórias de miúdos do Barreiro e é, também, o de João Fernandes, atualmente com 21 anos. Depois de dez anos a competir na equipa do Barreirense, trocou os cestos pela serigrafia — uma técnica de impressão que utiliza uma malha fina para transferir tinta para uma superfície — e, aos 18 anos, fundou o Ateliê Ocaso, logo após terminar o 12.º ano na área de Ciências e Tecnologias, na Escola Secundária de Santo André.
“Já tinha tido uma marca com um amigo. Sempre gostei de algumas atividades minimamente empreendedoras e tinha algum interesse pela área da moda e do têxtil. Na altura, começámos a descobrir formas de imprimir roupa e, através da fotografia analógica, que tem um processo um bocado semelhante no que diz respeito à impressão, descobri a serigrafia e apaixonei-me. A partir daí, fui explorando”, conta à NiB.
O nome do atelier, que significa pôr do sol, é uma homenagem ao avô, que sempre o incentivou a seguir o caminho da criatividade e do empreendedorismo. “O meu avô teve uma pastelaria na Quinta da Lomba que se chamava Ocaso. Acho que temos personalidades muito parecidas, tal como eu, ele também gostava de se fazer à estrada, sem grandes prisões e ver onde é que a vida nos leva. No fundo, os valores do projeto, como a relação com o cliente, vêm muito do meu avô”.
Atualmente, João vive no Porto, onde estuda Design de Moda, mas mantém “a atividade aberta, com a ajuda de um colaborador”, o Tomás Santos, 23 anos, e vai dividindo o tempo entre o trabalho remoto e o presencial. O espaço, inaugurado em 2022, na Rua Nagar Aveli, na Quinta da Lomba, funciona como um “atelier multidisciplinar, que é quase como um polvo”, ainda que o foco principal seja a estampagem em serigrafia.
“Desenvolvemos algumas coleções mais criativas, que é uma vertente na qual acredito muito, que se cruzam com a parte mais técnica da impressão, enquanto procuramos projetos ligados à inovação e pesquisa de novos materiais, em colaboração com algumas faculdades. Além disso, organizamos workshops em nome próprio ou em parceria com outras associações e artistas e vamos organizando alguns eventos culturais e de desenvolvimento da comunidade, que são áreas que me fascinam”.
Apesar de já ter estampado aventais e blocos de cortiça e ter realizado trabalhos, por exemplo, no Estúdio de Yoga MatYou, no atelier, João estampa, essencialmente, T-shirts, hoodies, calças e calções, com material “100 por cento português, tintas sustentáveis e certificadas e, um fator muito importante para nós, que é a qualidade”, explica.
Sempre a pensar em evoluir, João anuncia uma novidade, prevista para o dia 15 de abril deste ano. “Estamos a desenvolver um site um bocadinho inovador, através do qual as pessoas vão poder interagir e pré-visualizar as T-shirts em direto, assim que as personalizam, ou seja, descarregam um ficheiro e vão conseguir personalizar, escolher o tamanho, o posicionamento e tudo o que é preciso”.
O trabalho do atelier tem vindo a despertar a atenção de várias pessoas de norte a sul do País, inclusive da Bridgetown, a agência de talentos responsável pela gestão da carreira de vários artistas nacionais, entre eles o cantor Richie Campbell. “Fizemos uma produção para o Richie e outra para ele e para o Van Zee, no âmbito de um EP lançado pelos dois. Foram os trabalhos mais mediáticos que fizemos, que acabaram por nos dar mais visibilidade”.
Os preços das estampagens no Ocaso “variam consoante as cores, os tamanhos e a quantidade” e vão desde 1,50€ aos 10€, sendo que o mínimo exigido por encomenda é de 25 unidades. O atelier funciona apenas por marcação, sendo possível agendar visitas e pedidos de informação através das redes sociais ou para o email atelierocaso@nullgmail.com.
Carregue na galeria e veja algumas imagens do Atelier Ocaso.
