Rita Salavessa tinha um problema. Raramente encontrava camisolas de malha de que realmente gostasse, com padrões e cores originais. Certo dia, desistiu de procurar e criou os modelos que gostaria de vestir e não via em lado nenhum. A meados de novembro lançou a Jubalu, uma marca dedicada a uma das suas paixões.
“É uma peça que considero marcante, sempre gostei muito de camisolas de malha. Quando vestimos uma, ficamos logo com um look distintivo, seja com umas jeans ou calças pretas. Acho isso muito interessante”, começa por contar à NiT.
A ligação de Rita com o setor dos têxteis não é nova, começou quando ainda era miúda, mas estava longe de pensar que acabaria por se dedicar ao negócio familiar. Contudo, já havia qualquer coisa de palpável que a puxava para este mundo.
“Sempre achei piada aos tecidos, gostava de lhes tocar. Sempre tive uma relação muito sensorial com estes materiais”, reconhece.
Mais tarde, quando percebeu que a oferta de malhas ao seu gosto era escassa, decidiu “reaproveitar competências e recursos”. As camisolas são desenhadas por Rita, de 38 anos, e fabricadas na confeção da família, a J. Salavessa, que se dedica à produção de vestuário masculino, especificamente fatos de homem.
Apesar de ser formada em Comunicação Social, a dedicação aos têxteis “acabou por acontecer” de forma quase inevitável. “Tive outra experiência profissional que acabou por desembocar no negócio familiar”.
O destino aparentava ter planos que Rita desconhecia e que, “em retrospetiva” parecem ter sido delineados muito antes. “Lembro-me de uma camisola de malha que os meus pais me compraram quando tinha cerca de 10 anos, que ainda hoje visto. O material é incrível e as cores continuam completamente contemporâneas. Cresceu comigo”, recorda.
A paixão que desenvolveu pelas malhas e que nunca a abandonou, acabou por levar Rita a criar uma linha própria. “Tenho duas filhas e gosto do conceito matchy-macthy, mas quis contrariar um bocadinho a tendência do pandan mais clássico e fugi aos padrões comuns.”
“Essencialmente autoditata” no que toca ao design das peças, Rita inspirou-se na paisagem envolvente do interior de Portugal para criar “modelos abstratos, baseados natureza”.
“Vivo em Castelo Branco e esta região é muito rica em termos de fauna e flora. Acaba por ser muito estimulante ter estes elementos constantemente presentes. Tudo é belo e pode ser colocado num desenho”.
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A primeira coleção conta com quatro modelos, que se desdobram em quatro cores, num total de oito camisolas distintas. “A Bloom, por exemplo, é inspirada nos lírios à chuva”, descreve a fundadora. Os modelos para mulher estão disponíveis entre os tamanhos S/M e L/XL e entre os três e oito anos para menina. A linha de estreia só conta com propostas femininas, mas “os desenhos para rapazes são um dos próximos desafios”.
Outro dos objetivos a médio prazo tem a ver com a composição das camisolas. “São feitas a partir de uma mistura de lã e alpaca, que ainda não consideramos o expoente máximo da marca. Estes fios, importados de Itália, não têm muita lã, mas garantem conforto e durabilidade, duas características que nos interessavam explorar neste período inicial.”
Na verdade, “o grande desafio foi encontrar um fio equilibrado, que oferece conforto, aquecimento, mas também durabilidade”.
Nestas primeiras semanas, embora Rita não tenha investido intensamente na promoção da marca, a procura “tem sido considerável”. “O boca a boca tem estado a funcionar”, acrescenta.
Perante tantas vendas, até já é possível apontar um bestseller, que se destaca pela combinação de cores: lilás, verde-lima, branco e amarelo. “O modelo que desperta mais curiosidade é o Fleur Lilás, penso que tem a ver com os tons claros, pastel, que no inverno acabam por ser mais invulgares.”
Curiosamente, revela Rita, esta peça esteve quase a não sair do papel. “Gostei logo imenso dela, mas foi a última amostra de estudo de cores a ser aprovada. Apesar das hesitações de algumas pessoas à minha volta, não resisti a colocá-la na coleção.”
A fundadora teve a última palavra sobre os modelos, mas o nome da marca acabou ser criado pelas filhas. “Na verdade, começou numa brincadeira, estávamos a pronunciar palavras que nos fizessem rir. Uma delas foi juba, que passou a jubalu, o que motivou várias gargalhadas. Acaba por ser uma homenagem a esse momento de felicidade. Fez-me todo o sentido que a marca tivesse esse nome.”
Sobre o futuro insígnia, Rita acredita que “as coisas vão acontecer naturalmente”. “A Jubalu foi pensada para ser constantemente reavaliada, vamos ver como corre.”
Não obstante, a empresária sublinha que não se trata de uma marca sazonal. Uma das possibilidades em cima da mesa é uma coleção de malhas em algodão, mais frescas, “um projeto ainda em estado embrionário”.
“Eventualmente, podemos apostar noutros tipos de partes de cima, como blusas, por exemplo.” E hoodies? “Honestamente, não é algo que esteja a ser equacionado. O mercado está um bocadinho saturado desse tipo de propostas”.
Todas as peças da Jubalu estão disponíveis online, com preços entre os 42€ e os 47€.
Carregue na galeria para ver alguns dos modelos.