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Workshop na Cooperativa Mula desvenda segredos da arte ancestral de fazer sopas

Sara Ferreira Luz conduz a sessão vegetariana com a memória dos caldos e purés a fumegar, com um toque contemporâneo.

Há uma memória ancestral que ecoa nas sopas portuguesas. Vem das lendas medievais, dos tempos em que se acreditava que uma boa canja curava males de corpo e alma. Nos mosteiros, as ervas do quintal mergulhavam em caldos sagrados. Nas vilas piscatórias, o peixe da jornada transformava-se em caldeirada coletiva. Nos campos, o outono ditava a lei suprema de Lavoisier e da cozinha – sem esquecer a lógica das fábricas da CUF: nada se perde, tudo se transforma.

É esta herança que a Cooperativa Mula celebra no dia 25 de outubro, num workshop que é muito mais do que uma aula de culinária. Viagem ao coração dos hábitos alimentares portugueses, guiada pelas mãos de Sara Ferreira Luz, a sessão Cozinha Vegetariana Sopas, Caldos e Purés traz “sabor, conforto e nutrição adequados à estação”, entre as 10 e as 14 horas. 

De facto, os caldos que as avós preparavam sempre que alguém estava doente tinham razão de ser. A ciência moderna confirma que os nutrientes libertados durante o cozimento lento, os minerais dos ossos e as vitaminas dos legumes criam um elixir de fácil digestão, que fortalece o sistema imunitário. No outono, quando as temperaturas baixam e o corpo pede aconchego, estes preparados tornam-se medicina preventiva. E é neste contexto que Sara Ferreira Luz propõe uma releitura contemporânea destas tradições.

O grão-de-bico transforma-se num puré que rivaliza com qualquer creme francês, as nabiças ganham status de iguaria e até a abobrinha pode conter doçuras insuspeitas quando tratada com conhecimento.

Por 25€, os participantes não vão apenas cortar legumes. Vão aprender a extrair o umami vegetal através de técnicas de caramelização, descobrir como a espessura do corte altera a perceção do sabor, dominar o ponto exato em que os nutrientes se libertam sem se destruírem e compreender como a ordem de entrada dos ingredientes na panela pode transformar um simples caldo numa experiência gastronómica. A degustação incluída completa esta experiência, que se advinha sensorial.

 

 
 
 
 
 
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Recuperação de um ritual quase perdido, numa rotina de refeições apressadas, este workshop pretende devolver-nos à essência da cozinha, à magia de transformar produtos locais da época em memórias gustativas que aquecem o corpo e alimentam a alma.

No final, além das técnicas culinárias, cada participante ainda se arrisca a levar a compreensão profunda de que, numa sociedade cada vez mais digital, há saberes que continuam a ser partilhados à volta de uma panela de sopa a fumegar. 

 

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