comida

Já lá vão dez. Casa Velha celebra uma década a servir bochechas de porco (e não só)

A NiB esteve à conversa com Tiago Lourenço, um dos proprietários do restaurante situado na zona antiga do Barreiro.
Fica no Barreiro Velho.

Há dez anos, um antigo espaço do Barreiro Velho ganhou nova vida pelas mãos de um casal que trocou a segurança por uma aventura no mundo da restauração. Tiago Lourenço, hoje com 43 anos, apaixonado por fotografia e cozinha, e Tânia Gonçalves, médica dentista, decidiram abrir um restaurante diferente de tudo o que existia na zona na altura.

Aconselhados por pessoas próximas, mantiveram o nome Casa Velha, mas apostaram num conceito completamente diferente. A ideia era clara: petiscos portugueses com um toque especial, que não se limitavam a ser servidos em travessas de inox. A bochecha de porco estufada em vinho tinto tornou-se o ex-libris da casa e, uma década depois, continua a conquistar clientes. Agora, perante a ameaça de obras de requalificação prolongadas no Barreiro Velho, o futuro levanta dúvidas — mas até lá, o sabor mantém-se intacto.

Tiago Lourenço nasceu em Oeiras e mudou-se para o Barreiro pela namorada, Tânia. “Estamos juntos há 15 anos”, conta Tiago à NiB. O seu percurso académico e profissional começou noutra área: “Entrei no curso de Jornalismo, mas não terminei. Depois fui estudar fotografia e exerci durante alguns anos. Era uma paixão”. Mas não era a única.

O amor pela cozinha “esteve sempre presente”, mesmo que em segundo plano. Foi essa vontade, aliada à necessidade de criar algo diferente no Barreiro, que levou o casal a abrir, a 25 de abril de 2015, a Casa Velha. “Inicialmente, a ideia era criar um sítio de partilha, com bons vinhos e petiscos um bocadinho diferentes dos que se faziam na altura. Tipicamente portugueses, mas com um twist”, explica.

Esse twist passava por evitar os clássicos grelhados em travessas de inox e o prato mais pedido, desde o primeiro dia, é a bochecha de porco estufada em vinho tinto. “Entretanto evoluiu de petisco para prato. Atualmente custa 13,5€”. Outra das especialidades que se mantém na carta desde o início é a morcela com compota de cebola roxa e maçã, um petisco que ronda os 6€.

O espaço surgiu no Barreiro Velho numa época em que a zona ainda tinha bastante movimento e, também por esse motivo, as portas da Casa Velha só fechavam às duas da manhã. “O nosso conceito nunca passou pelos cocktails, mas tínhamos vinho e cervejas artesanais para quem vinha beber um copo”. No início, contrataram um chef, mas “muitas das ideias já vinham de casa”. A certa altura, foi Tiago quem assumiu a cozinha. “Neste momento, sou eu quem confeciona os pratos. Ainda tentei conciliar com a minha carreira no fotojornalismo, mas não foi possível.”

Com o sucesso do restaurante, decidiram expandir o projeto. Em 2023, abriram um novo conceito no Mercado Municipal 1.º de Maio, o 21 by Casa Velha. “Acompanhámos a reestruturação do Mercado. Quisemos estar presentes desde o início, garantir uma banca e ver no que daria”. Apesar de o espaço ser gerido por outros sócios, a produção da comida continua a ser feita no restaurante. “É servido lá, mas é feito por mim, na Casa Velha.”

A estrela da carta mantém-se a bochecha de porco, agora servida em bolo do caco. “Há sugestões que crio para o restaurante e também funcionam lá, e há outras que só são vendidas no Mercado, onde o conceito passa mais por petiscos servidos no pão.”

Uma década depois da abertura no Barreiro Velho, Tiago sente o impacto da degradação da zona, que “já teve melhores dias”. A requalificação (já em andamento) provoca-lhe um misto de sentimentos. “Pode dar para os dois lados. Tendo em conta o que ouvi — que vão ser três anos de obras — não sei como será possível algum negócio manter-se a funcionar com estes constrangimentos. As ruas estão esburacadas e é difícil estacionar, por exemplo”.

Por tudo isto, a incerteza marca o futuro. “É uma perspetiva que nos assusta e estamos a equacionar o que fazer. Só poderemos tomar uma decisão com o desenvolvimentos dos trabalhos na zona”, conclui.

Carregue na galeria e veja algumas imagens da Casa Velha e dos pratos que pode provar por lá.

 

 

FICHA TÉCNICA

  • MORADA
    Rua Marquês de Pombal, nº116
    2830-336 Barreiro
  • HORÁRIO
  • De terça a quinta-feira, das 12h às 15h e das 19h às 23h
  • Sexta-feira e sábado, das 12h às 15h e das 19h às 23h30
  • Domingo, das 12h às 15h
PREÇO MÉDIO
?

MAIS HISTÓRIAS DO BARREIRO

AGENDA