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Este spot com petiscos e bebidas no Barreiro é “àPortuguesa, com certeza”

13 anos após a abertura, NiB esteve à conversa com Bruno Firme, o proprietário que é, também, um dos sócios do Sala 6.
Fica na Avenida da Praia.

Se há alguém que leva a sério o famoso ditado popular “Quem não arrisca, não petisca”, esse alguém é Bruno Firme de 38 anos. Em 2012, ainda em plena ressaca da crise económica, decidiu arriscar e abrir um bar com um conceito que, segundo ele, não existia no Barreiro e que, mesmo hoje, continua a ser único. “Fez agora 13 anos, a 27 de abril. Até hoje, não conheço nenhum espaço igual na cidade”.

Na altura, havia alguns locais onde os grupos se reuniam à noite, mas nada com a visão que Bruno acabou por desenvolver. “A ideia inicial surgiu depois de o nosso primeiro-ministro da altura, Pedro Passos Coelho, ter dito que os jovens da minha geração, que estavam a terminar as licenciaturas deveriam emigrar”, conta. Com 25 anos, encarou este “conselho” com uma certa “teimosia”.

Estava prestes a terminar o curso de Engenharia Civil, mas percebeu que se quisesse trabalhar na área teria de sair do País. Já com alguma experiência em bares, nos quais trabalhou enquanto estudava, e sensibilizado pela campanha de incentivo ao consumo de produtos nacionais — simbolizada pelos autocolantes “produto de Portugal” —, decidiu fazer diferente.

“Numa conversa noturna sobre a crise, pensei: ‘E se houvesse um bar que só vendesse produtos de marca portuguesa e onde a música ambiente fosse apenas de artistas portugueses?!’”. Na altura, artistas como os Capitão Fausto começavam a despontar no panorama nacional, o que deu ainda mais força ao conceito, que marcava pela diferença.

Assim nasceu o àPortuguesa, e, desde o início, com alguns petiscos que se transformaram em clássicos. “Abrimos com pratos como ovos com farinheira, com a bifana em pão alentejano, que hoje é uma de marca do àPortuguesa, a ‘hamburgalheira’, que como o nome indica é um hambúrguer feito com o recheio da alheira, na chapa, servido com queijo e ovo. 13 anos depois, ainda se mantêm na carta”. No àPortuguesa, Bruno quis sempre receber clientes dos 20 aos 60 anos e, por isso, procurou sempre manter os preços acessíveis, sobretudo para os clientes mais jovens. “Os preços são sempre moderados. Diria que estão no limite do aceitável”. A verdade é que uma refeição, com bebida incluída, ronda os 8€.

Além de alguns pratos, o conceito de trabalhar, apenas, com produtos de origem portuguesa também se mantém até hoje. “Os gins que a certa altura introduzimos são todos portugueses. Entretanto, também conseguimos arranjar fornecedores da Madeira, que nos fazem chegar a Brisa de maracujá [refrigerante] e a cerveja Coral. Depois temos o Sumol, de ananás e de laranja”. A ausência da Coca-Cola, que costuma ter muita saída em todos os cafés, bares e restaurantes, foi colmatada com uma bebida nostálgica e artesanal: o capilé, que tem a mesma cor do que o famoso refrigerante.

“Era aquilo que se bebia antes do 25 de Abril, porque a Coca-Cola não entrava em Portugal. As pessoas faziam-no em casa”. Noutros tempos, “os mais pobres preparavam a bebida com água”, porém, a versão do àPortuguesa é feita com gasosa e concentrado de capilé e é, atualmente, uma das bebidas mais vendidas no espaço. “Há clientes que vêm à procura do capilé e que nos dizem: ‘Queremos aquela vossa Coca-Cola portuguesa’. Não é uma Coca-Cola portuguesa e nem sequer tem o mesmo sabor. Tentamos sempre corrigir as pessoas”, esclarece.

Como não poderia deixar de ser, o nome “àPortuguesa” surgiu como reflexo do conceito. “Ainda antes de encontrarmos o espaço, idealizámos um bar que, mesmo sem copa, pudesse ter coisas já preparadas, como as conservas que continuamos a utilizar”. Foi quando descobriram o local atual, que perceberam que podiam ser mais ambiciosos e alargar a oferta com pratos de comida. E assim foi.

A resposta do público foi positiva. “Não nos podemos queixar e também sabemos que podemos não agradar a todos. Se tiver desejos de Coca-Cola, já sei que não vai parar ao àPortuguesa”, brinca. Ainda assim, acredita que o espaço se tornou motivo de orgulho para quem o frequenta. “Obviamente que também é mérito de todas as pessoas que cá trabalharam até hoje e fazem o excelente trabalho de passar o conceito da casa aos clientes, sempre que os atendem”.

Convencidos os barreirenses, foi tempo de receber outro tipo de reconhecimento. “Participámos, por duas vezes, no programa ‘Somos Portugal’, da TVI. Por coincidência, um dos operadores de câmara do programa veio cá comer (não estava em trabalho), recomendou o espaço e, num dos fins de semana seguintes, quando o ‘Somos Portugal’ passou pelo Barreiro, fizeram-nos uma visita e agendámos a participação numa das feiras que eles organizam”. Há cerca de um ano, chegou um novo convite, desta vez para o programa “Dois às 10”, no qual Bruno esteve à conversa com o apresentador, Cláudio Ramos.

Sobre essa visibilidade mediática, confessa que sabe sempre bem. “É agradável ter o reconhecimento de que estamos a fazer um bom trabalho e alimenta-nos um pouco o orgulho daquilo que tem sido feito até hoje. No entanto, não trabalhamos à procura desse reconhecimento”, sublinha. “Trabalhamos para o cliente habitual, até porque, como digo sempre, o cliente fixo é sempre o mais exigente e ainda bem que assim é”.

Marcando, desde sempre, pela diferença, o àPortuguesa é, também, um dos espaços com horário mais alargado na cidade. “Durante a semana é o espaço que fecha mais tarde no Barreiro”. E, ao contrário de muitos estabelecimentos, aqui serve-se comida do início ao fim do turno. “Seja às 16 horas ou à uma da manhã, consegue sempre satisfazer o corpo”.

Carregue na galeria e veja algumas imagens do àPortuguesa.

FICHA TÉCNICA

  • MORADA
    Avenida Bento Gonçalves, nº 128, Barreiro (Av. da Praia)
    2830-304 Barreiro
  • HORÁRIO
  • De domingo a quinta-feira, das 14h30 à 1h
  • Sexta-feira e sábado, das 14h30 às 2h
PREÇO MÉDIO
Entre 10€ e 20€
TIPO DE COMIDA
Portuguesa, petiscos

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