Da junção entre tabaco aromatizado, água e carvão nasceu, no Médio Oriente, a famosa shisha. Vista um pouco por todo o mundo, como uma experiência social e cultural, a presença de shishas nos bares e cafés da Europa tornou-se uma tendência e o Barreiro não é exceção.
Por volta das 17 horas, Edson Jorge, de 45 anos, abre as portas do Guehzo Lounge, nos Fidalguinhos, e recebe a NiB para uma conversa que começa com a sua ligação à cidade. “Sou do Seixal, mas acabei por passar todos os períodos de férias no Barreiro, porque os meus primos são da zona da Recosta”, conta. Na altura, tudo era diferente.
“Conheci o Barreiro no auge, ou seja, quando era um sítio independente de tudo o resto. Não precisávamos de sair daqui para nos divertirmos, porque havia tudo. A zona do Barreiro Velho, por exemplo, tinha muitos bares e recebia verdadeiras multidões, principalmente às sextas-feiras e sábados à noite. O pessoal não saía daqui”.
Nos dias de hoje, porém, o empresário acredita que essa dinâmica já não existe. “‘Morreu’ completamente. Acho que a zona foi um pouco descurada, mas agora parecem estar a correr contra o tempo para tentar voltar a dinamizar uma coisa que sempre foi dinâmica”.
Antes de abrir o negócio no concelho, Edson passou vários anos fora do País, mas viu-se obrigado a regressar no período após a pandemia de Covid-19. “O meu sogro morreu e um dos meus dois filhos precisava de mais atenção. Talvez por ser uma pessoa um bocado rebelde, tive a certeza de que não queria trabalhar por conta de outrem e foi nesse contexto que surgiu a oportunidade de ficar com este espaço”.
Assim nasceu, em abril de 2023, o Guehzo Lounge, o espaço noturno onde “a diversão e o sabor se encontram e nunca mais se separam”. “Era um sítio, na minha opinião, ‘mal aproveitado’. Então, agarrei nisto e tentei mexer e dinamizar ao máximo”, explica.
Apesar de não ser “uma pessoa da noite”, não faltaram ideias para o conceito do bar. “Tinha muitas. No início, apostei em eventos de samba e pagode, que atraíram muitas pessoas. No entanto, por estarmos localizados numa zona residencial, recebemos algumas queixas acerca do barulho”, explica. Ultrapassadas essas dificuldades, a casa dedicou-se, sobretudo, à shisha, que já era explorada no local, antes da abertura do Guehzo.
“Quando fiquei com o espaço, as pessoas já o conheciam como uma casa de shisha. O antigo dono já tinha instaurado isso, só que não tinha a dinâmica que acabei por desenvolver. Confesso que o primeiro pensamento foi seguir outro caminho, servir apenas petiscos durante a tarde, cerveja e ter um ambiente ideal para juntar a malta mais nova. No entanto, acabei por perceber que a shisha seria uma mais-valia”, refere, explicando que o facto de existir pouca oferta semelhante na zona, também foi importante.
Com um preço “acessível”, fixado nos 15€, as opções de shisha do Guehzo são bastante variadas e estão “sempre a mudar”, apesar de Edson manter duas como base. Entre as mais procuradas pelos clientes do bar, destacam-se quatro: a Baku Nights, de tutti-fruti e menta, a Mi Amor, com sabor a banana, menta e abacaxi, a Hawai, à base de manga, ananás e menta e a Love, que mistura os sabores de seis frutas com a menta.
No que diz respeito aos petiscos, que “fogem ao conceito de jantar e foram pensados para momentos de convívio”, o menu do Guehzo inclui nachos com guacamole (3,50€), chouriço assado (5€), batatas fritas com cheddar e bacon (4,50€), chicken fingers (5,50€), tábuas de queijos (10€), frango frito (5,50€), entre outros.
Para acompanhar os petiscos, os visitantes do espaço podem escolher uma das opções da carta de bebidas, que “tem quase tudo”. A grande diversidade de gins, que vão desde os 7€ aos 13€, e os cocktails, entre os 6€ e os 8€, são as escolhas de eleição, embora haja “muita gente que vem só mesmo pela cerveja”, que é vendida a 1€ até às 22 horas e a 1,50€ até à hora de fecho do Guehzo.
Já em relação ao público que frequenta o Lounge, a diversidade mantém-se. “Acho engraçado o facto de, às sextas e sábados à noite, conseguir ter aqui famílias, sejam pais e filhos, com as namoradas e os namorados, que vêm conviver e beber um gin e, ao mesmo tempo, ter quatro ou cinco mesas com miúdos a fumar shisha. Acabamos por ter um mix de gerações”.
A música ambiente “a um volume não muito alto” e as regras do espaço, são essenciais para que os clientes passem momentos agradáveis. “Somos nós que fazemos a casa e eu levo isto muito a sério, tal como se estivesse a receber pessoas em casa. Os mais velhos e os mais novos respeitam-se uns aos outros e são capazes de estar em harmonia no mesmo espaço, o que nem sempre se consegue em muitos sítios”.
O horário alargado é outro ponto positivo para o negócio. “Parecendo que não, isso também influencia muito, porque as pessoas não querem pegar no carro para ir beber um copo, então acabam por ficar aqui, perto de casa”, conclui.
Carregue na galeria e veja algumas imagens do Guehzo Lounge.