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A tasca no Barreiro onde Marcelo Rebelo de Sousa “vai à ginjinha” todos os anos

Além do Presidente da República, o espaço criado por Alice Cruz em 2011, tem outros clientes conhecidos, como Pacheco Pereira.
Uma moda barreirense.

Apesar de não ser uma opção fácil, a decisão de emigrar revela-se, geralmente, a solução para um futuro melhor. Foi assim que Alice Cruz, de 56 anos, rumou a Portugal, proveniente da ilha de Santo Antão, em Cabo Verde. Chegou a Almada com apenas dois anos, mas aos cinco mudou-se para o Barreiro, onde construiu toda a sua vida.

As suas memórias recordam uma infância e adolescência felizes, durante as quais Alice nunca pensou numa profissão ou área a seguir. A restauração e a cozinha acabaram por surgir de forma inesperada, uma vez que, aos 25 anos, a própria não sabia “estrelar um ovo”. 

“Comecei a cozinhar em casa, para amigos, em jeito de brincadeira, e eles foram gostando dos pratos que fazia”, conta à NiB. A oportunidade de trabalhar num restaurante surgiu mais tarde, através do amigo João Garrido. “Ele tinha um restaurante, a Gula do Pátio, e convidou-me para ir para lá cozinhar. Estive durante uns tempos, a aprender com o chefe de cozinha Luís Lauriano, dei os primeiros passos e, a partir daí, nunca mais parei.”

A Tasca da Galega nasceu em 2011, depois de Alice se afastar do restaurante onde trabalhava. “Zanguei-me com o Garrido e acabei por vir para este espaço, que se chamava ‘A Tasca’, também a convite, para fazer os pratos do dia. Mais tarde, o dono perguntou-me se queria ficar com a casa e aceitei”, explica. 

Alice Cruz.

A Tasca da Galega está ligada ao rock e à cultura do Barreiro, desde o início. Na altura, o marido de Alice era uma das pessoas que organizava o festival Barreiro Rocks. “Então, decidimos abrir um conceito focado na ginja, na comida e no rock n’roll. A decoração do espaço reflete essa inspiração musical, com várias fotografias nas paredes, e as mesas estão sempre repletas com os petiscos e pratos tradicionais que conquistaram os clientes ao longo dos anos.

“No início, nem fechávamos e as pessoas passavam aqui dias inteiros. Havia sempre jaquinzinhos fritos, choco frito, salada de polvo, salada de ovas. E depois, claro, o caril, a feijoada, os bifes. Tínhamos quase todos os pratos que temos hoje.”

Os pratos de assinatura, pensados para duas pessoas, vão desde a açorda de camarão (30€) ao arroz de lavagante (40€). Dentro dos caris, “inspirados na terra natal e nos pratos da avó”, destacam-se o caril de camarão (27€), o prato mais pedido pelo professor Pacheco Pereira, e o caril de lavagante (40€). 

A feijoada de gambas (40€) — o prato que leva Rui Unas a visitar o espaço — e a maçada de gambas (40€), para duas pessoas, também fazem parte da lista dos mais pedidos.

Além destes pratos, ainda poderá experimentar a alheira de caça (10€), os bifes da casa (14,50€) e o bife carabineiro, que tem um custo de 29€, os lombinhos (11€) e o pica-pau (12€). O arroz de polvo da casa também é um sucesso, chegando mesmo a valer prémios recebidos por Alice. Nas sobremesas, o destaque vai para a tarte de amêndoa.

Outro produto emblemático do espaço é a ginjinha. “Antigamente, o Manuel da Galega vendia aqui a ginja, feita por ele na casa ao lado, e também fazia bagaço. No fundo, continuámos a tradição que já vinha desde a década de 80”. Este pormenor acabou por chamar a atenção de várias personalidades, incluindo o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

“Ele fez a promessa que, enquanto fosse Presidente, viria todos os anos, no Natal. E que mesmo quando deixar de ser, continuaria a vir”. Para Alice, é uma honra recebê-lo, e a verdade é que Marcelo Rebelo de Sousa tem cumprido, religiosamente, com o prometido, desde 2016, só tendo faltado à ginjinha do Barreiro, em 2021. Para compensar, convidou Alice e a irmã, Gilda (responsável pela sala do restaurante), para irem a Belém, e Gilda levou a ginja. 

A Tasca da Galega tornou-se num ponto de encontro não só para os habituais clientes do Barreiro, mas também para artistas e figuras conhecidas que ali chegam por recomendação. “O professor Pacheco Pereira, por exemplo, apareceu aqui um dia, por acaso, e tornou-se num grande amigo. Depois também recebemos vários artistas que vieram devido às Festas do Barreiro ou por recomendação de amigos de amigos”.

Alice descreve o seu espaço como “bastante acolhedor”. “O nosso objetivo é fazer com que as pessoas se sintam em casa e que façam amigos. Tenho clientes que se conheceram aqui, casaram, tiveram filhos e, para mim, isso é do melhor que há”, conclui.

Carregue na galeria e veja algumas imagens d’A Tasca da Galega.

FICHA TÉCNICA

  • MORADA
    R. Combatentes da Grande Guerra, 65
    2830-341 Barreiro
  • HORÁRIO
  • De terça-feira a sábado, das 12h às 15h e das 19h às 00h
PREÇO MÉDIO
?
TIPO DE COMIDA
Portuguesa

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