A pastelaria Docebelo, no Barreiro, está a viver um novo capítulo. A casa, que nasceu em 1987 e que passou para as mãos da família de Tânia Couceiro em 1989, acaba de ser renovada — e reabriu a 24 de maio. A gestão está agora a cargo da mãe de Tânia, Maria Madalena, que recebeu o testemunho da avó Natália, fundadora e figura central da pastelaria nas últimas décadas.
“Sou farmacêutica e trabalho na indústria, com ensaios clínicos”, começa por contar Tânia, de 35 anos. Apesar de ter seguido uma área distinta da restauração, cresceu com o cheiro a bolos e as típicas histórias de café. “A minha mãe estava grávida quando abrimos a primeira pastelaria”.
Apesar de a Docebelo ter sido criada em 1987, só passou para a família de Tânia dois anos depois. “Sempre foi um negócio familiar. Na altura, a pastelaria era gerida pelos meus avós e pelos meus pais”, explica.
Tânia cresceu no ambiente da pastelaria e guarda com carinho as memórias dos primeiros anos. “Tínhamos dois espaços, um na Rua Júlio Dinis, com fabrico próprio de bolos. Em pequena, brincava na zona da fábrica com a massa-pão que sobrava do trabalho do pasteleiro durante a madrugada. Ele deixava-me as sobras e eu fazia de conta que era plasticina. Quando o meu pai faleceu, a minha família acabou por tomar a decisão de vender uma das pastelarias”.
Apesar dessas experiências, acabou por nunca se dedicar a esta área. “Sempre gostei, mas a minha avó nunca quis que seguisse pastelaria, mas sim que tirasse um curso superior, pois esta é uma área muito dura. Não há horários, nem folgas e ela sempre quis o melhor para mim”.
A avó Natália passou o testemunho a Maria Madalena no mês passado. “Vai fazer 83 anos e esteve a gerir a pastelaria até há bem pouco tempo. Portanto, a minha mãe tomou conta do negócio e fizemos obras para renovar o espaço”, onde passou a ser visível uma decoração com traços holandeses. “A minha mãe viveu 15 anos na Holanda, com o meu padrasto, e quando eles decidiram ficar com a pastelaria quisemos trazer um pouco do país para o Barreiro”.
Em relação à oferta, mantém-se o clássico da pastelaria portuguesa. “Apostamos nos bolos tradicionais de pastelaria, desde pastéis de nata, bolas de Berlim e bolas de manteiga. Agora, adicionámos algumas novidades ao menu e passámos a fazer refeições rápidas e, aos fins de semana, temos caracóis”. A aposta passou por tornar o espaço mais atual. “Quisemos modernizar o conceito da pastelaria, que até então era muito tradicional e centrada nos bolos”.
No espaço, com 32 lugares sentados na sala e 24 na esplanada, os preços são acessíveis e um bolo de pastelaria tradicional custa 1,35€. Já os menus rápidos variam: “temos tostas de abacate, de frango ou de atum, bifanas e também fazemos bitoques, cujo menu inclui bebida e café por 9€”.
Além dos clientes habituais, os animais de estimação também são bem-vindos na Pastelaria Docebelo. “Tanto eu como a minha mãe temos cães e decidimos que a pastelaria seria pet-friendly, até pelas experiências que tenho noutros espaços onde, quando está frio, não podemos sair da esplanada para o interior com os animais. Quisemos contrariar isso”.
Ligação ao Barreiro
Com um negócio a funcionar há muitos anos, a ligação da família ao Barreiro é profunda. “A minha mãe nasceu em Alqueva, no Monte da Preguiça, mas veio muito pequena para a Moita. Quando conheceu o meu pai, começaram a namorar e vieram para o Barreiro. O meu pai nasceu cá e o meu padrasto, o Paulo, também passou cá a infância. A minha avó, apesar de ter nascido no norte, perto de Vouzela, veio para a cidade ainda muito nova”.
Apesar de ser farmacêutica, é Tânia quem trata da comunicação da pastelaria. “Acabei por abraçar esta tarefa para ajudar a minha mãe e o Paulo, até porque tenho mais facilidade com as tecnologias”. Ainda hoje, há clientes que se lembram dela em miúda. “Alguns deles, quando me veem, costumam dizer que me conhecem desde pequenina”.
Quanto à nova fase, as expectativas são moderadas, mas otimistas. “Gostávamos de uma boa aceitação por parte dos barreirenses, mas acho que se for o suficiente para conseguirmos tirar algum proveito, já valeu a pena. A minha mãe mudou de vida, da Holanda para Portugal, para conseguir ter uma vida confortável”.
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